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Alemanha deve manter maior superávit do mundo

21 de agosto de 2018

Pelo terceiro ano consecutivo, país deve ser o com maior saldo positivo em conta corrente, devido sobretudo a exportações. Números devem reforçar críticas de outros governos, em especial dos Estados Unidos.

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Automóveis Volkswagen no porto de Emden
Automóveis Volkswagen no porto de EmdenFoto: Reuters/F. Bimmer

A Alemanha deverá se manter pelo terceiro ano consecutivo como o país com o maior superávit em conta corrente do mundo, segundo cálculos do instituto de pesquisas econômicas Ifo, com sede em Munique.

O superávit alemão deverá ser de 264 bilhões de euros (299 bilhões de dólares), assim como nos dois anos anteriores. isso apesar de os números indicarem uma leve queda no superávit: de 7,9% do PIB em 2017 para 7,8% do PIB neste ano.

A balança corrente é um dos indicadores que detalha com maior exatidão a maneira como um país interage com o exterior. Ela reúne tanto comércio de mercadorias e serviços (importações e exportações), quanto transações correntes e transferências, incluindo remessas.

O que mais contribui para o superávit alemão é o comércio de mercadorias. A Alemanha produz bem mais do que consome, o que permite exportar grande quantidade de bens e serviços. Há anos que as exportações superam as importações no país.

Os dados, que confirmam a força das exportações alemãs, deverão gerar críticas por parte das outras principais economias mundiais, em especial, os Estados Unidos. O presidente americano, Donald Trump, um dos mais vorazes críticos do superávit alemão, acusa Berlim de ser um dos maiores culpados pelo déficit bilionário na balança comercial americana e ameaçou aumentar as tarifas de importação sobre os automóveis alemães.

Segundo o Ifo, a Alemanha deverá se manter à frente do Japão, com superávit em conta corrente de cerca de 200 bilhões de dólares, e da Holanda (110 bilhões de dólares). De acordo com o instituto, a ausência da China entre os três maiores superávits se deve às altas importações e à redução das exportações para os EUA e Europa.

Apesar das exportações se manterem em alta, os índices de crescimento da economia alemã apresentaram leve tendência de queda para o terceiro trimestre de 2018, de acordo com um relatório mensal divulgado pelo Bundesbank, o banco central alemão. Segundo a instituição, o consumo continua sendo o motor do desenvolvimento econômico do país, com um aumento significativo da contribuição significativa do setor industrial.

Volker Treier, chefe de análises de comércio exterior da Câmara Alemã de Indústria e Comércio (DIHK), comemorou o superávit e afirma que os ganhos com as exportações serão direcionados para investimentos. "É um indicador do bom desempenho das empresas alemãs e da atratividade de seus produtos, e tudo isso em meio a um cenário internacional difícil", exaltou.

"As acusações de que a Alemanha inunda o mercado mundial com seus produtos são apenas superficialmente verdadeiras", disse Treier. Ele diz que as empresas do país utilizam seus lucros para financiar investimentos internacionais. Estima-se que essas empresas empreguem um milhão de pessoas na China e mais de 850 mil nos EUA.

Entretanto, o superávit alemão excede o índice de 6% do PIB considerado pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como sustentável em longo prazo, considerando que o superávit de um país pode implicar no déficit e endividamento de outro.

"A manutenção do alto superávit no comércio pode se tornar problemática se as contas a receber não forem pagas, por exemplo, se países estrangeiros não consigam bancar as pesadas taxas de juros", alertou o especialista do Ifo Christian Grimme. 

RC/dpa/afp/rtr

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