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Alemanha descobre plano de antivacinas para matar governador

15 de dezembro de 2021

Polícia apreende armas de fogo e uma besta em operações contra suspeitos de planejar assassinato de líder da Saxônia. Em Berlim, políticos recebem cartas de supostos negacionistas com ameaças e pedaços de carne.

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Homem com uniforme da polícia alemã entrando em prédio
A polícia prendeu uma pessoa e apreendeu armas de fogo e uma bestaFoto: Robert Michael/picture alliance/dpa

A polícia alemã realizou buscas e apreendeu armas nesta quarta-feira (15/12) durante uma operação no leste da Alemanha contra suspeitos de envolvimento em um suposto plano para matar o governador do estado da Saxônia, Michael Kretschmer, e outros políticos.

As operações foram realizadas em Dresden e Heidenau após ameaças de morte serem lançadas por grupos de céticos da vacina e negacionistas da pandemia.

A operação policial ocorreu após a infiltração de jornalistas do canal público de televisão ZDF em um grupo antivacinas do serviço de mensagens Telegram. Nele, eram postadas o que seriam ameaças de morte contra os políticos.

Os repórteres revelaram que o grupo, chamado "Dresden Offlinevernetzung" (rede offline de Dresden), continha mensagens contra vacinas e também contra as atuais medidas de combate à pandemia na Saxônia. Membros postaram mensagens de áudio convocando as pessoas a se oporem às medidas restritivas "com a força das armas, se necessário". 

Foram alvos das ações seis imóveis relacionados a seis pessoas, sendo cinco homens e uma mulher, "suspeitos de preparar um ato de violência grave" e "planos de assassinato" contra Kretschmer, membro da conservadora União Democrata Cristã (CDU), e outras autoridades regionais, de acordo a polícia.

Foram apreendidas armas de fogo e uma besta. Uma pessoa foi presa.

"Resistência sangrenta" contra vacina

Em Berlim, vários políticos, jornalistas e instituições receberam cartas com ameaças por defenderem um projeto de vacinação obrigatória, revelou a polícia da capital alemã, também nesta quarta-feira.

As mensagens foram enviadas a dezenas de políticos alemães, incluindo membros do Bundestag, o Parlamento alemão. Os envelopes continham pedaços de carne embrulhados em papel alumínio e com a menção de que estavam "contaminados pelos vírus covid-19 e Zyklon B", gás usado pelos nazistas para exterminar judeus.

O texto das cartas anuncia uma "resistência sangrenta" contra a obrigatoriedade da vacina, ideia cogitada pelo governo alemão. A análise subsequente mostrou que a carne não apresentava nenhum risco.

É crescente a preocupação entre os políticos alemães com a radicalização de grupos negacionistas da pandemia, depois que protestos não autorizados foram registrados novamente no fim de semana, levando, em alguns casos, a confrontos com a polícia.

Na Alemanha, tem havido um forte movimento de oposição às restrições sanitárias desde o início da pandemia. Ele é particularmente forte na Saxônia, estado na área da antiga Alemanha Oriental, uma das regiões mais afetadas pela atual onda de infecções por covid-19 e que apresenta uma taxa de vacinação inferior à média nacional.

No início deste mês, negacionistas da pandemia desfilaram portando tochas em frente à casa da secretária da Saúde da Saxônia, provocando indignação nos políticos.

"Minorias de extremistas"

O novo chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, disse, também nesta quarta, que seu país travará uma luta implacável contra uma "minoria de extremistas" antivacinas.

"O que existe atualmente na Alemanha é a negação da realidade, histórias de conspiração absurdas, desinformação deliberada e extremismo violento", queixou-se Scholz ao Parlamento, e prometeu uma resposta "usando todos os meios de nosso Estado democrático de direito".

“Vamos ser claros: uma pequena minoria em nosso país se afastou de nossa sociedade, nossa democracia, nossa comunidade e nosso Estado, e não apenas da ciência, da racionalidade e da razão”, descreveu Scholz.

Confrontado com o poder da quarta onda da pandemia, o governo alemão decidiu aumentar as restrições às pessoas não vacinadas, que agora estão privadas de acesso à maioria dos locais públicos, restaurantes e lojas de produtos não essenciais.

md/ek (Efe, AFP, DPA, Reuters)