Alemanha comemora 1º lugar e lamenta doping
25 de fevereiro de 2002A 19ª Olimpíada de Inverno, encerrada neste domingo em Salt Lake City (EUA), foi acompanhada de perto pelos alemães. Depois do fracasso nos Jogos Olímpicos de Verão de 2000, em Sydney, o país respira aliviado ao ver que ainda está entre as grandes nações esportivas do mundo. O sucesso é louvado em todos os jornais da Alemanha.
Mas não é somente o primeiro lugar no quadro de medalhas que ganha destaque no balanço final de Salt Lake City. A pressão política da Rússia e Coréia do Sul, que alegaram estarem sendo prejudicadas e ameaçaram abandonar as competições, e os casos de doping divulgados no último dia do evento também deixaram suas marcas. Até mesmo porque o "grande pecador" da Olimpíada, Johann Mühlegg, que havia arrebatado três medalhas de ouro para a Espanha e acabou flagrado com doping, é alemão de nascença.
Doping
– "Um décimo primeiro mandamento se introduziu, pela experiência, nas linhas da carta olímpica: Não se deve elogiar. Ao menos cedo demais. Nunca um dia antes da decisão final. Nunca um campeão antes do teste de doping", comenta o Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), um dos jornais de maior prestígio da Alemanha."O caso Mühlegg é o maior escândalo de doping da história dos Jogos de Inverno. Os alemães suspiram aliviados por não terem mais sob sua bandeira tipos medonhos como este", sentencia o Hamburger Morgenpost.
"Quem no futuro deixar a concorrência no chinelo, será com certeza visto de nariz torcido. Qualquer um que tenha simplesmente treinado mais ou melhor, cairá em suspeita. Este é o grande golpe recebido pelo movimento olímpico, pois ele pouco pode se defender contra boatos e especulações", considera o Leipziger Volkszeitung, ao avaliar as conseqüências do escândalo Mühlegg.
Aspectos positivos
– Muitos outros diários acreditam, porém, que acima dos pontos negativos desta olimpíada estão os êxitos, tanto da organização quanto de confraternização e conquistas esportivas."O que nos ficará na lembrança? A triste história do corredor Johann Mühlegg? Talvez a avalancha de protestos da ex-potência Rússia? Pouco disto. Quem quiser fazer um balanço sério desta fantástica olimpíada em Utah, se debruçará principalmente sobre os resultados importantes. Modestamente, 35 medalhas é uma coleção recorde para os atletas de inverno alemães. Que eles com isto ainda conquistaram o primeiro lugar na classificação por nações, deve ser registrado com a necessária serenidade", escreveu o Die Welt.
Simpatia e confraternização
– Não só os resultados trazem satisfação, mas o comportamento dos heróis olímpicos. "Os campeões alemães ficaram simpáticos. Talvez esta seja a maior vitória da equipe alemã, que pode festejar em casa tranqüilamente seus sucessos. Foi uma equipe com vencedores radiantes, como a patinadora Claudia Pechstein, mas também com perdedores justos e honrados, como o esquiador Sven Hannawald", avalia o Der Tagespiegel."Os sucessos de nossos atletas são também a expressão de um sistema eficaz e inovativo de incentivo, sem igual em todo o mundo. Indiretamente, o balanço olímpico mostra também uma vitória da unidade alemã", pondera o Hamburger Abendblatt.
Já o Berliner Morgenpost observou que os Jogos Olímpicos de Inverno ficaram ainda mais internacionais – até o Brasil enviou uma delegação recorde de 12 atletas! "Foram jogos bonitos, fraternos e emocionantes. Além do mais, cada vez mais nações participaram da distribuições das medalhas. As olimpíadas de inverno tornaram-se mais atraentes", conclui o matutino.