Alemães abandonam Togo após ataque ao Instituto Goethe
30 de abril de 2005O ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, pediu ao governo do Togo que "ponha um fim à caça antigermânica e às calúnias inaceitáveis contra diplomatas alemães, aparentemente organizadas por certos grupos".
Assim Fischer reagiu ao ataque contra o Instituto Goethe da capital Lomé, na madrugada da sexta-feira (29/04), quando jovens armados dispararam contra o centro cultural, incendiando-o em seguida.
As razões do atentado ainda não foram esclarecidas, porém observadores o associam às agitações no país desde as eleições no domingo (24/04). O chefe da diplomacia alemã quer que "os autores desses indizíveis atos incêndiários e de vandalismo" sejam identificados e punidos.
Embora exigindo que o governo local zele pela segurança dos cidadãos e instituições alemãs, ele também concitou os 300 alemães que vivem aquele país da África Ocidental abandoná-lo. Os primeiros já obedeceram ao apelo.
Danos de 300 mil euros
Após o atentado, a biblioteca do primeiro andar do Instituto Goethe ficou totalmente destruída, assim como parte das salas de aula. Os pistoleiros renderam os guardas de segurança e detonaram toda a iluminação so prédio, invadindo-o em seguida. Eles primeiro atearam fogo à biblioteca, partindo depois para as salas de aula. Carros de bombeiros chegaram ao local antes que os vândalos pudessem alcançar o segundo andar.
Os danos são avaliados em torno de 300 mil euros. Segundo o diretor do Instituto Goethe de Lomé, Herwig Kempf, "apenas três escritórios ainda estão intactos em toda a enorme vila". Tudo o mais foi destruído, inclusive 15 computadores, equipamento audiovisual, toda a fiação e um caminhão de transportes.
Esta semana o governo togolês criticara a embaixada alemã, acusando-a de apoiar a oposição. Segundo a sede do Instituto Goethe em Munique, trata-se do primeiro ataque direto a esse centro cultural alemão sem fins políticos, em todo o mundo.
40 anos de ditadura
Uma onda de violência atravessa o Togo desde as eleições presidenciais, no domingo passado. Ativistas da oposição rejeitaram a vitória de Faure Gnassingbé, o candidato do Partido Popular Togolês, de situação. Segundo dados da oposição, 100 pessoas já morreram até o momento.
As agitações começaram naquele país de quase cinco milhões de habitantes com a morte do presidente Gnassingbé Eyadema, pai de Faure, em fevereiro passado. Ele governara o país por quase 40 anos. Há dez anos a União Européia mantém sanções contra o Togo, tentando forçar o ditador Eyadema a introduzir reformas democráticas.