Afeganistão precisa de maior ajuda internacional
30 de março de 2004Embora a guerra do Afeganistão tenha acabado, o país continua dando manchetes sombrias: combates sangrentos entre milícias paramilitares, poder irrestrito do tráfico de drogas e dos produtores de ópio, falta de influência do governo central sobre diversas regiões, atrasos na reconstrução do país e na recuperação da sociedade civil.
Ajuda financeira internacional deixa a desejar
Quanto à contribuição da comunidade internacional para a manutenção da paz no Afeganistão, o ministro alemão do Exterior, Joschka Fischer, entrevistado pela Deutsche Welle, se esforçou em destacar os êxitos alcançados até agora: "Se olharmos para trás, fizemos muitas conquistas; se olharmos para a frente, ainda há bastante coisa em aberto". Apesar da estabilização de determinadas regiões e do retorno de milhões de fugitivos, ainda existem zonas no sul e no leste do país onde os riscos de segurança são altíssimos. "Quanto à situação das drogas ou à necessidade de maior apoio internacional para a reconstrução, a situação ainda deixa a desejar", admite Fischer.
Sobretudo do ponto de vista financeiro, o quadro não é nada animador. Na conferência de Tóquio, realizada no ano passado, os países que se comprometeram a financiar a reconstrução tinham anunciado a liberação de 4,5 bilhões de dólares, mas de fato só pagaram uma parcela mínima até agora. Fischer confirmou que a Alemanha manteve sua palavra e tentará pressionar os demais países a liberarem os recursos. Mas isso não é tudo.
Prioridade de combater o narcotráfico
"É fundamental que todos compreendam que não basta cumprir os compromissos assumidos. Precisamos de reforço. O progresso econômico, a construção de uma infra-estrutura de saúde e educação e a abertura de perspectivas econômicas são fatores fundamentais, não só para o futuro dos afegãos, mas também para o combate ao terrorismo internacional", comentou o político do Partido Verde.
A reconstrução do Afeganistão é uma prioridade da política externa de Berlim. Afinal, seria necessário impedir que o país se reduza a um refúgio de terroristas, advertiu Fischer. No entanto, apesar de a Alemanha, com dois mil soldados estacionados na região, ter contribuído com o maior contingente para as tropas internacionais de segurança (Isaf) e estar se empenhando na formação da polícia afegã, Berlim não se considera de forma alguma uma "potência de proteção", explicou o ministro.
Joschka Fischer quer que a comunidade internacional redobre seus esforços. Para ele, seria necessário formar novas equipes de reconstrução com acompanhamento militar, a fim de garantir mais segurança na capital, Cabul. Além disso, ele considera uma vantagem o fato de a Grã-Bretanha ter tomado as rédeas do combate ao narcotráfico. Este será inclusive um tema central da conferência sobre o Afeganistão a se realizar nesta quarta-feira (31/03), em Berlim.