Acordo com GM salva fábricas da Opel
4 de março de 2005A montadora Opel, subsidiária do grupo norte-americano General Motors, quer voltar a ser rentável na Alemanha, aplicando um pacote de redução de custos e aumento da produção. Depois de cinco meses de negociação com a direção da GM e os sindicatos, a empresa anunciou nesta sexta-feira (04/03) um acordo que garante a sobrevivência, pelo menos até 2010, de suas fábricas em Rüsselsheim, Bochum e Kaiserslautern.
Na sede da Opel em Rüsselsheim serão fabricados até 2007 os modelos Vectra e Saab, bem como desenvolvidas as futuras séries do Astra. Em Bochum, será produzido a partir de 2006 o Astra cinco portas, além dos atuais modelos Zafira e Astra Caravan. A fábrica de Kaiserslautern fabricará mais componentes para o segmento de médios.
A General Motors comprometeu-se a aproveitar melhor a capacidade instalada na Alemanha, a não demitir funcionários com base em reestruturações internas, nem fechar suas fábricas na Europa até 2010.
Corte de salários
Em contrapartida, os operários da Opel foram obrigados a aceitar um congelamento salarial neste ano, a redução anual de 1% no contracheque de 2005 a 2010 e jornadas de trabalho flexíveis entre 30 e 40 horas por semana (incluindo o sábado), com pagamento médio de 35 horas semanais. Os adicionais de até 20% além do acordo coletivo, ganhos por uma parte dos funcionários, também serão cortados gradativamente.
Mesmo assim, a Opel vai reduzir um terço de seu pessoal (nove mil empregados) nos próximos anos. Cerca de 4500 operários já aderiram ao programa de demissões voluntárias com indenização, que prevê a eliminação de seis mil postos de trabalho até 2007 só em Bochum. Mais três mil funcionários serão dispensados das duas outras fábricas alemãs.
"Atingimos nossa meta de evitar o fechamento das fábricas na Alemanha e de torná-las competitivas", disse o presidente da Opel, Hans Demant. Para tornar-se novamente rentável, a montadora terá de economizar 500 milhões de euros anuais nos próximos anos.
Operando no vermelho
A General Motors também prometeu manter a fábrica da subsidiária sueca em Trollhättan, que emprega 5300 operários e no ano passado esteve com metade de sua capacidade ociosa. Os suecos deverão montar os novos modelos de luxo da marca Saab e o Cadillac BLS, que está sendo apresentado no Salão do Automóvel de Genebra.
A GM Europa opera no vermelho desde 1999 e contabilizou um prejuízo de 600 milhões de euros em 2004. A fábrica da Opel em Rüsselsheim é mais moderna da GM na União Européia e produz cerca de 293 mil veículos por ano. "Em termos de custos, tem uma eficiência de 200 milhões de euros superior à de Trollhättan", disse Hendersen.
Setor em crise
Não só a Opel, mas também outras montadoras, como a Volkswagen e a Mercedes, sentem a crise na indústria automobilística alemã e européia. A DaimlerChrysler, por exemplo, planeja cortes da ordem de quatro bilhões de euros até 2007. As únicas exceções são os carros de luxo da BMW e Porsche, que continuam vendendo bem.
Segundo dados do Departamento Federal de Estatísticas, no ano passado, as revendedoras registraram uma queda de faturamento real de 2,1% em relação a 2003 – foi a primeira baixa nas vendas desde 2000. Esta tendência manteve-se também no início deste ano, não só na Alemanha. Em janeiro de 2005, por exemplo, foram vendidos 1,17 milhão de veículos na Europa Ocidental, 0,2% a menos que no mesmo mês do ano anterior.
Falhas de administração
"Os problemas da indústria automobilística freqüentemente decorrem de falhas de gerenciamento, produtos inadequados para o mercado e estratégias exageradas de globalização", afirma Thomas Schmall, diretor da Volkswagen em Bratislava. "Por causa dos salários, não se fecha ou transfere uma fábrica, visto que eles representam menos de 20% dos custos totais. Além disso, com o tempo, haverá uma nivelação global dos salários", conclui.
Segundo o professor Willi Diez, diretor do Instituto de Economia da Indústria Automobilística (IFA), nos próximos cinco anos, o setor ainda poderá eliminar na Alemanha mais 35 mil postos de trabalho. Ao mesmo tempo, ele acredita que poderão ser gerados 19 mil novos empregos pelos fornecedores de autopeças. O IFA prevê ainda que os atuais 772 mil empregos na indústria automobilística alemã serão reduzidos a 755 mil até 2010.