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A renascença das boas maneiras

Laís Kalka7 de agosto de 2004

Preocupados com o comportamento de seus filhos em sociedade e ao mesmo tempo inseguros, pais alemães recorrem a livros e cursos que ensinam etiqueta aos mais jovens.

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Curso para se comportar bem à mesaFoto: dpa

Numa época em que as tradições se rompem e as transformações sociais se aceleram, criar filhos é uma tarefa que deixa muitos adultos inseguros. Poucos têm saudade da educação à antiga, autoritária e patriarcal, que impunha regras de comportamento sem tolerar contestação. O estilo antiautoritário, por outro lado, não considerado capaz de criar os seres sociais e competentes de que a sociedade necessita.

Que valores transmitir aos filhos, quanto de liberdade conceder, quanto de limitações impor às crianças? Perguntas e mais perguntas martelando na cabeça dos pais de 15,5 milhões das crianças e adolescentes que vivem na Alemanha, muitos dos quais crescem como filhos únicos.

Boas maneiras em alta

Um ponto consensual é a valorização das normas de etiqueta – daquilo que se chama de boas maneiras – após a fase do antiautoritarismo, em que se deixava a criança à vontade para buscar ela própria um padrão de comportamento. A questão é que justamente essa fase deixou lacunas, que só contribuem para aumentar a segurança.

Resultado: multiplicam-se os livros de boas maneiras, muitos dos quais se tornam best-sellers na categoria de auto-ajuda. Os adultos recorrem a eles para (re)aprender a não cometer gafes em sociedade e dão de presente a seus filhos as edições especiais. Um fenômeno paralelo são os cursos de boas maneiras para crianças e adolescentes, caros, mas muito bem freqüentados.

Do aperto de mão à entrevista para emprego

Kinder in der Vorschule
Crianças numa pré-escola de Leipzig: educação é de berço, mas também pode ser aprendidaFoto: dpa

Há cursos para todas as idades, já a partir dos seis anos os baixinhos aprendem a dar a mão corretamente e a olhar para uma pessoa ao cumprimentá-la. Cortesia é um ponto importante, que precisa ser treinado desde cedo: em comparações internacionais, os alemães perdem feio nesse quesito.

Boas maneiras à mesa, como utilizar corretamente os talheres; mais tarde, como pôr a mesa, dispondo talheres e copos como manda o figurino – o conteúdo das aulas e dos treinos vai sendo ampliado de acordo com a idade dos participantes. Até chegar ao nó correto da gravata, como se apresentar numa entrevista para o emprego, como se movimentar com elegância num salão.

As escolas de danças de salão, que os adolescentes alemães freqüentam tradicionalmente, a partir dos 13–14 anos – ninguém ousa ir para uma pista de dança sem ter aprendido a arrastar os pés corretamente! – descobriram as boas maneiras como novo filão. Além de ensinar os passos certos para os diferentes ritmos, elas oferecem agora aulas de etiqueta e bom tom. Fazem sucesso também os cursos oferecidos por hotéis ornados de muitas estrelas, que descobriram de uns tempos para cá seus clientes do futuro, a quem ensinam desde já como se comportar corretamente.