A primeira brigada voluntária indígena feminina da Amazônia
No Tocantins, mulheres apinajé certificadas pelo Ibama participam de queima prescrita, usada no início da estação seca como forma de prevenir a propagação de grandes incêndios.
Preparativos antes do combate
A brigada voluntária Pēp Apinajé Guardiãs Indígenas é a primeira a ser formada exclusivamente por mulheres na Amazônia Legal. Ao todo, 43 brigadistas da Terra Indígena Apinajé, localizada no norte do Tocantins, concluíram um curso preparatório e receberam um certificado do Ibama.
Mulheres e equipamentos
As mulheres voluntárias atuam junto à brigada contratada do Prevfogo na Terra Indígena Apinajé para combater as queimadas mais críticas. Na ação, o esquadrão é dividido em grupos menores e distribuído pela área afetada. Além da roupa especial, elas usam equipamentos como bomba de água, soprador e abafador para controlar as chamas.
Queima prescrita
A queima prescrita é usada pelos brigadistas do Prevfogo no início da estação seca como forma de prevenir a propagação de grandes incêndios. As áreas consideradas mais expostas às queimadas são avaliadas cuidadosamente, e a queima só ocorre com autorização do cacique. Na foto, a brigadista usa o equipamento chamado de pinga-fogo para iniciar as chamas num manejo controlado.
Pausa para o descanso
Durante o trabalho, as mulheres ficam alojadas na base da brigada do Prevfogo, na aldeia São José. Quando as ocorrências são mais distantes, o esquadrão chega a passar dias no campo. Muitas deixam suas casas, o trabalho na roça, o marido e filhos. Existem ainda outras barreiras para que elas se juntem ao grupo, como dificuldade com transporte dentro da Terra Indígena Apinajé.
Artesanato apinajé
Na cultura indígena apinajé, as mulheres ainda encontram resistência para ocupar alguns espaços. Muitas não recebem apoio dos maridos para fazer atividades fora de casa, como se juntar à brigada. Dentre as atividades tradicionais, está o artesanato com as folhas do babaçu, usado na confecção de cofos, cestos típicos. As folhas também são empregadas como telhado nas habitações.
Cultivo para a família
As roças na Terra Indígena Apinajé costumam ficar distantes das casas. Os plantios mais comuns são de mandioca, feijão, arroz, abóbora, batata doce, inhame, fava, milho, gergelim, amendoim - tudo para consumo dos próprios indígenas. A coleta de pequi, buriti, bacaba, cajuí, jussara, bacuri, murici, puça, oiti, babaçu e macaúba também é importante para a alimentação.
Terra Indígena Apinajé
A demarcação da Terra Indígena Apinajé teve início na década de 1980, mas foi finalizada apenas em 1997, com a publicação de decreto presidencial. Conflitos violentos marcaram o processo, já que mais de 600 famílias ocupavam a área. Ao fim, o traçado que reservou 142 mil hectares aos indígenas excluiu uma parcela de seu território tradicional, pelo qual os apinajé brigam na Justiça até hoje.
Rasgada pela Transamazônica
O maior fluxo de migrantes para a área ocupada tradicionalmente pelos apinajés, durante a ditadura militar, alterou profundamente a vida dos indígenas. Eles se opuseram à construção da rodovia Transamazônica, a partir de 1970, e conseguiram impedir o asfaltamento da estrada no território. Atualmente, esse trecho inicial não faz mais parte da rodovia.