Educação
25 de janeiro de 2009A pesada porta de madeira não abre com facilidade. O visitante da HHL – a Escola de Pós-Graduação em Administração de Empresas de Leipzig – deve primeiro digitar um código numérico e só então pode entrar no edifício. Até a mudança política advinda com a queda do Muro, o prédio abrigava a Escola Superior de Cultura Corporal e Esporte – uma das fábricas de medalhas de ouro da Alemanha Oriental.
É possível que, naqueles tempos, também houvesse fotos penduradas nas paredes do corredor. Talvez as pessoas nessas fotos também fossem jovens, dinâmicas e bonitas como as de hoje. Mas, com certeza, não vestiam beca nem chapéus de formatura. E certamente não se pareciam com estudantes universitários norte-americanos.
Harvard em vez de Lênin
O mestrado em Administração de Empresas (MBA) de 15 meses com dedicação integral custa 22.500 euros na HHL. Do exterior vêm 70% dos estudantes. As classes são de 25 a 40 pessoas. Apesar das taxas, o processo de seleção é muito disputado. Quem for aceito pode utilizar a biblioteca durante 24 horas por dia. Fazem parte da formação um estágio, uma estada no exterior e, recentemente, também um negotiation event – uma espécie de copa do mundo dos negócios com participantes de Harvard e Yale.
A HHL se orgulha de ter uma longa tradição. Em 2008 foi festejado o 110° aniversário daquela que se apresenta como a mais antiga escola superior de comércio da Alemanha. Fazem parte dessa história os anos como escola de formação profissional na antiga Alemanha Oriental. Quando se falava somente alemão. Quando "economia política" e "comunismo econômico" faziam parte do currículo e "filosofia marxista-leninista" era ensinada e aprendida.
Não levou a nada
"Da Escola Superior de Comércio da Alemanha Oriental sobramos apenas eu e dois agentes administrativos. Trata-se de uma total refundação", explica o professor Hans Göschel. Ele foi diretor da Escola Superior de Comércio da época comunista e vivenciou de perto os tempos turbulentos do processo de reunificação.
"Quando em setembro de 1989 começaram as 'passeatas de segunda-feira', tivemos a instrução de convocar os estudantes para seminários em grupo para que eles não pudessem ir às passeatas. Mas isso não levou a nada", diz Göschel, folheando o livro de comemoração do jubileu da universidade. O pesado volume com 304 páginas e quase 400 ilustrações foi editado pelo próprio Göschel, após extensas pesquisas.
A queda do Muro, a reunificação – hoje, no campus da HHL, tudo isso está bem longe, à primeira vista. Estudantes do mundo inteiro passeiam pelos pátios, indo e vindo, na direção do bonde ou da sala de aula. A língua falada – também fora da sala de aula – é o inglês. Assim indianos de sandálias se entendem com norte-americanos de sapatos de couro. São rostos jovens para quem o passado é algo secundário, simplesmente porque ainda têm uma vida pela frente.
"Após a formação vou trabalhar na América do Norte numa empresa de consultoria. Esse é o plano", diz o estudante Fabian Schaaf, da "Turma de MBA de 2009". O jovem rapaz com óculos e camisa bem passada fala eloqüentemente de planos e conceitos.
Além da ideologia
Ao lado de Business Study with Elective Modules in Finance und Accounting [estudos de gestão empresarial em módulos eletivos de finanças e contabilidade] há uma grande quantidade de vocábulos em inglês no seu plano de estudos.
Mas nem tudo é novo na HHL. "O engraçado, na verdade, é que quando se deixa de lado a carga ideológica aparecem estruturas sensatas e absolutamente dignas de serem adotadas", diz Göschel. Ele se refere a seminários que já existiam na época da Alemanha Oriental. A cadeira de marketing, por exemplo, já existia na época. Chamava-se propaganda.