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HistóriaAlemanha

1993: A Noite dos Mil Fogos

Johannes Duchrow Publicado 17 de fevereiro de 2016Última atualização 17 de fevereiro de 2021

Em 17 de fevereiro de 1993, 27 mil pessoas protestaram na região do Ruhr, na Alemanha, contra o fechamento de fábricas e as demissões em massa de metalúrgicos pelo conglomerado Krupp-Hoesch.

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Symbolbild Deutschland als Krisengewinner
Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg

A cidade de Dortmund ficou completamente congestionada na noite de 17 de fevereiro de 1993. Diante das três siderúrgicas da Hoesch, milhares de funcionários e familiares empunhavam tochas e protestavam contra a ameaça de demissão em massa. Nas casas das proximidades, velas queimavam nas janelas, em sinal de apoio aos milhares de manifestantes. Um cenário que levou a manifestação a ser chamada de "Noite dos Mil Fogos".

Sessenta quilômetros adiante, em Duisburg-Rheinhausen, em outra manifestação pelo mesmo motivo, os trabalhadores bloquearam a ponte sobre o rio Reno. O então presidente estadual da Confederação Alemã de Sindicatos (DGB), Dieter Mahlberg, gritava no microfone: "A água já alcançou nossos pescoços, não aceitamos mais que os pobres ganhem os centavos e os ricos fiquem com os marcos".

Razões dos cortes

Para o então presidente da Krupp, Gerhard Cromme, o possível fechamento dos altos-fornos nas cidades de Dortmund, Rheinhausen, Siegen e Hagen eram "efeitos sinergéticos" da fusão entre seu grupo e o Hoesch. Os funcionários e sindicatos viram mesmo "demissão" e "redução de vagas".

Em 1993, o conglomerado siderúrgico Krupp-Hoesch precisava tomar uma decisão urgente. Estava produzindo 150 mil toneladas de aço em excesso. Para interromper o desperdício, teria de eliminar 30 mil empregos. Os empregados apontavam como causas a errada política de subvenções da União Europeia e uma batalha de preços desastrosa. O presidente do conglomerado tinha tomado a decisão. Seu problema era romper a enorme solidariedade entre os trabalhadores da Krupp-Hoesch.

Queda de braço inútil

Um dos líderes dos trabalhadores em Rheinhausen na época, Gerd Pfisterer, lembra a tática da desinformação, usada pelos patrões para desarticular o movimento: "Eles queriam destruir nossa moral, nossa união. Foi interessante que os patrões ficavam dizendo que os trabalhadores de uma siderúrgica já tinham entregue os pontos, que os da outra não iriam mais aguentar por muito tempo, e assim por diante."

A resistência desesperada dos metalúrgicos foi acompanhada em toda Alemanha, mas não adiantou nada. Alguns meses mais tarde, em 15 de agosto de 1993, a usina relativamente moderna da Krupp em Rheinhausen foi fechada. A fusão seguinte da Krupp, em 1997, com a Thyssen, selou a decisão de fechar os três altos-fornos em Dortmund até 2002.

O poderoso Sindicato dos Metalúrgicos organizou os protestos em massa que marcaram a Noite dos Mil Fogos e o bloqueio da ponte sobre o Reno. Mesmo assim, Theo Steegmann, então vice-presidente da Comissão de Fábrica em Rheinhausen, criticou a falta de engajamento do sindicato quando ainda havia possibilidades de negociar o fechamento dos altos-fornos: "Um sindicato forte como o nosso deveria ter usado melhor seu direito de voto nos conselhos administrativos enquanto ainda era tempo, exigindo estratégias que evitassem as demissões, e não só organizando marchas de protesto".