1987: Despedida do "Sr. Telejornal"
Karl-Heinz Köpcke, um senhor elegante com voz de barítono, foi bem-vindo nos lares alemães durante mais de cinco mil noites, ou cerca de 75 mil minutos de transmissão. Uma admirável proeza: toda uma nação o encheu de títulos como "Mr. Tagesschau" (o nome do telejornal), "Mr. Nazionale" e até "Mr. Alemanha".
Durante 28 anos, ele estabeleceu padrões para a locução e apresentação das notícias televisivas. Com seu carisma, Köpcke sempre garantiu altos índices de audiência e, noite após noite, manteve milhões de telespectadores grudados à telinha.
Fãs devotas
Diariamente, o apresentador, natural de Hamburgo, recebia montanhas de cartas de fãs. E as damas não se contentavam em enviar rosas e pantufas: algumas chegaram a mandar a chave da própria casa.
Quando, em 1964, Karl-Heinz Köpcke foi nomeado locutor-chefe do Tagesschau, ele já era o rosto mais conhecido da emissora pública de TV ARD: pode-se dizer que ele foi a primeira "personalidade eletrônica" do país, já que seu sucesso fora granjeado exclusivamente através das câmeras de televisão. E isso numa época em que a maioria dos alemães nem possuía tal aparelho.
O fascínio por Köpcke era enorme. Sua voz, firme e pausada, permitiu poucos "escorregões". Ele colocava a notícia, e não a personalidade, em primeiro plano. Em vez de praticamente agredir o espectador, como seus colegas mais antigos, ele introduziu uma forma de falar suave, como num diálogo amigável, mostrando uma nova orientação a ser seguida pelos locutores.
Voz oficial
Sua voz, ao mesmo tempo melodiosa e sonora, dava ao telejornal um caráter quase oficioso: o que Karl-Heinz Köpcke anunciava era aceito como a mais pura expressão da verdade. Isso resultou em que boa parte do público o tomasse simplesmente por um porta-voz do governo, não importando quem estivesse no poder. Para grande aborrecimento de seus redatores.
Em 10 de setembro de 1987, Köpcke foi ao ar pela última vez com o "seu Tagesschau". O motivo de sua retirada foi o lançamento do telejornal "Tagesthemen", que vai ao ar um pouco mais tarde. Relegado a um papel secundário no novo jornal, Köpcke sentiu-se degradado a mero "leitor de notícias".
Infelizmente, o ex-locutor não pôde aproveitar sua aposentadoria: seu médico diagnosticou um câncer dois meses e meio após sua despedida. Köpcke faleceu na véspera de completar 69 anos.
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