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História

1955: Acordo para italianos trabalharem na Alemanha

Rainer Sollich (lk)

Representantes da República Federal da Alemanha e da Itália assinaram em Roma, em 20 de dezembro de 1955, o primeiro acordo sobre o recrutamento de operários estrangeiros para o mercado de trabalho alemão.

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Homens e mulheres com malas sentados em aeroporto em 1970
Foto: bertram/dpa/picture-alliance

A República Federal da Alemanha – ao menos a porção oeste do país – foi quase desde o seu princípio um país de imigração. Um importante fundamento foi lançado em 20 de dezembro de 1955, com a assinatura do primeiro acordo sobre o recrutamento de trabalhadores convidados.

Na retrospectiva, o acordo com a Itália foi o ponto de partida para a imigração de milhares de trabalhadores estrangeiros, quase sempre mão de obra barata. Eles vieram não só da Itália, como também de Portugal, Grécia, Espanha, Marrocos e Turquia, países com os quais também foram fechados acordos semelhantes.

O milagre econômico alemão

Nos primeiros anos de vigência dos acordos, os trabalhadores estrangeiros eram ainda bem vistos na Alemanha, como comprovam os dizeres num folheto de 1963, com que a agência federal responsável pelas contratações no exterior dava as boas-vindas aos recém-chegados: "Você tomou a decisão de vir trabalhar na República Federal da Alemanha. Pessoas laboriosas têm prestígio aqui. A Alemanha expressa as boas vindas a você, que é uma pessoa laboriosa, e assegura que você pode contar com sua hospitalidade."

A afluência nos primeiros anos foi grande: já em 1964 chegava à Alemanha o milionésimo trabalhador estrangeiro, o português Armando Rodrigues. Ele foi recebido com festa na estação ferroviária de Deutz, em Colônia, e ganhou um presente dos alemães: uma mobilete.

Armando Rodrigues com sua mobilete
Armando Rodrigues foi o milionésimo operário estrangeiro na Alemanha em 1964Foto: Horst Ossinger/dpa/picture alliance

A Alemanha vivia então seu milagre econômico e precisava urgentemente de mão de obra. Por sua vez, muitos países demonstravam interesse num contrato de recrutamento, que ajudaria a combater o desemprego interno e lhes asseguraria divisas, graças às remessas de dinheiro dos contratados para suas famílias.

Trabalhadores ficaram e constituíram família

Os políticos alemães, que no princípio hesitaram em concordar com a contratação de trabalhadores no exterior, sempre tentaram impedir que eles se estabelecessem permanentemente no país. Já os empresários tinham interesse em colaboradores permanentes e queriam evitar ter que treinar constantemente as novas equipes que iam chegando. Foi assim que os estrangeiros – principalmente os turcos – foram ficando e trazendo suas famílias para a Alemanha.

Com o tempo, a contratação de mão de obra no exterior e a transferência das famílias para a Alemanha foi sendo dificultada. No caso de muitos dos antigos "trabalhadores convidados", a segunda e até a terceira geração já nasceram na Alemanha. A eles juntaram-se, no decorrer dos anos, milhares de exilados políticos e refugiados de guerra.