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HistóriaAlemanha

1951: As duas Alemanhas fecham acordo de comércio

Gerda GerickePublicado 20 de setembro de 2015Última atualização 20 de setembro de 2017

Em 20 de setembro de 1951, as então Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental selaram o acordo que regulamentou a troca de mercadorias entre os Estados alemães, o então chamado comércio interzonal.

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Musikabteilung im HO-Warenhaus in Erfurt 1957
Foto: picture-alliance/dpa/ Zentralbild Wittig

Com o final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida em setores e ocupada pelas potências vencedoras. O leste do país ficou sob administração soviética, e a parte ocidental foi dividida entre Estados Unidos, França e Reino Unido.

Logo começou um intenso comércio entre os setores. O primeiro acordo foi acertado entre britânicos e soviéticos. Os britânicos enviaram 41 mil toneladas de aço ao Leste e receberam em troca carvão e lenha. Vários outros acordos se seguiram, mas todos eram limitados no tempo e nas condições de troca.

A mudança veio com o Tratado de Berlim, de 20 de setembro de 1951. O chamado acordo de comércio interzonal (numa referência às duas zonas de ocupação), assinado entre os governos das então Alemanha Ocidental e da Alemanha Oriental em 20 de setembro de 1951 não impunha limites de tempo e incluía Berlim, cidade dividida entre os dois Estados. 

O comércio entre as duas Alemanhas

Eficiente e discreto, esse contato comercial se manteve nos anos seguintes, apesar de todos os atritos em que os dois Estados alemães se veriam envolvidos, principalmente no campo político.

Ele também não era mais do que um acordo comercial. Ou, como certa vez afirmou o ex-responsável ocidental pelo comércio interzonal, Franz Rösch, o acordo jamais seria um veículo para resolver a chamada "questão alemã" (a divisão da Alemanha em dois Estados).

Uma única vez – e de forma apressada e impensada – houve uma ruptura. Em 30 de setembro de 1960, a Alemanha Ocidental cancelou de forma unilateral o acordo. Os ocidentais, em plena época do milagre econômico, estavam seguros de sua força.

Mas avaliaram mal os efeitos que o fim do acordo traria para o fluxo de mercadorias entre a Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental, cidade encravada no território comunista. O acordo foi rapidamente reavivado. E o governo de Bonn nunca mais tentou qualquer tipo de represália econômica contra a Alemanha Oriental.

Para o comércio interalemão valia a lei marcial dos Aliados. Ou seja, era proibido tudo o que não fosse expressamente permitido. Com a ajuda de listas de mercadorias, as potências ocidentais cuidavam para que nada perigoso caísse nas mãos dos comunistas. A Alemanha Ocidental adquiria principalmente alimentos, minério e roupas. A Alemanha Oriental comprava ferro e aço, máquinas e produtos químicos.

Para os moradores de Berlim Ocidental, ficou a lembrança dos minuciosos relatórios anuais que especificavam quem comprara ou vendera quais produtos e em que quantidade. Presença constante na lista era o suco de laranja. A Alemanha Oriental vendia hectolitros do produto, mas ninguém sabe dizer onde ficavam os laranjais do país comunista.