23 de dezembro de 1918
23 de dezembro de 2018Helmut Schmidt foi o quinto chefe de governo da República Federal da Alemanha – de 1974 a 1982, época em que o país enfrentou diversos desafios políticos e econômicos. Ele nasceu em 23 de dezembro de 1918 em Barnbeck, hoje um bairro de Hamburgo.
Após completar o estudo médio, Schmidt foi recrutado em 1937, primeiro para a RAD, a força de trabalho do Terceiro Reich, e mais tarde como soldado para a Wehrmacht. Na frente oriental, vivenciou – em suas próprias palavras – "a pior imundície da guerra", que nunca mais esqueceria.
Após a guerra, engajou-se pelo Partido Social Democrata (SPD) de Hamburgo, tornando-se secretário de Interior da cidade hanseática. Quando, em fevereiro de 1962, uma grande enchente a ameaçava, agiu de forma enérgica e sem hesitação. O episódio transportou a fama de Schmidt para além das fronteiras hamburguesas; ele ficou conhecido como homem de ação, que sabia quando era hora de deixar de lado a obediência cega às prescrições administrativas.
Esta qualidade lhe valeria muito a seguir, na condição de líder da bancada parlamentar do SPD no governo do premiê Kurt Georg Kiesinger. Juntamente com Rainer Barzel, seu homólogo na bancada cristã conservadora (CDU/CSU), Schmidt organizou a grande coalizão de governo, sem quase nenhum atrito.
Época difícil
O democrata daria o próximo salto na carreira em 1969, ao ser nomeado ministro da Defesa da primeira coalizão entre liberais e social-democratas. Após as eleições antecipadas de 1972, ele assumiu o Ministério das Finanças. Estas experiências o preparariam para, em 17 de maio de 1974, assumir o cargo de premiê, sucedendo Willy Brandt, que havia sido forçado a renunciar em conseqüência de um escândalo político.
Seu período de governo, que iria até 1982, foi marcado pela primeira recessão mundial, a crise do petróleo e o aumento do desemprego na Alemanha. Schmidt reagiu aos problemas econômicos com programas conjunturais e fomentou a ideia de que fossem realizadas reuniões econômicas de cúpula. Graças a sua iniciativa que, desde 1975, os dirigentes das maiores potências econômicas do mundo se encontram regularmente com este fim.
Pagando caro pelos princípios
Porém, o então chanceler federal também precisou enfrentar desafios de ordem totalmente diversa, uma vez que o terrorismo da Fração do Exército Vermelho (RAF) ameaçava o Estado de maneira crescente. Para fazer frente aos atentados mortais, o chefe de governo reagiu energicamente.
A situação revelou também seu lado emocional. No clímax do chamado "Outono Alemão", em 1977, quando o líder patronal Hans Martin Schleyer foi sequestrado, os democrata-cristãos pressionaram Schmidt a suspender temporariamente certas regras democráticas no combate ao terrorismo. Sua reação revelava o democrata engajado, ainda sob a terrível impressão do nacional-socialismo.
"A prova do fogo reside em que não permitamos que se jogue segurança contra liberdade. Nós nos opomos à onda de intolerância que alguns querem disseminar pelo país." O Estado pagaria um alto preço por essa atitude, pois não foi capaz de salvar a vida de Schleyer.
Atividade incessante
No início da década de 1980, Schmidt e seu partido assumiram posições contrárias no debate sobre a dupla decisão da Otan que levaria ao estacionamento de novos mísseis na Alemanha Ocidental. Paralelamente, não havia como ignorar os sinais de desgaste no interior da coalizão social-liberal. O premiê pediu eleições antecipadas e teve que entregar o cargo à maioria de conservadores da CDU/CSU e liberal-democratas (FDP).
"A troca de governos faz parte da credibilidade da democracia. Por isso, não me queixo de que o governo social-liberal alemão tenha que ser encerrado. O que lamento, no entanto, é a falta de credibilidade desta mudança e a forma como se dá."
Autor: Matthias von Hellfeld (av)