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1917: Apresentado o projeto da Lei Seca nos EUA

Catrin MöderlerPublicado 8 de setembro de 2013Última atualização 8 de setembro de 2021

Em 8 de setembro de 1917, foi apresentado à Câmara dos Representantes nos EUA o projeto da 18ª emenda constitucional sugerindo a completa proibição de bebidas alcoólicas. A Lei Seca entraria em vigor dois anos depois.

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Schnaps Glas Alkohol Symbolbild
Foto: Fotolia/Gudellaphoto

Com o projeto apresentado no dia 8 de setembro de 1917 à Câmara dos Representantes, e que só entraria em vigor dois anos depois, começou uma nova era na história dos Estados Unidos, caracterizada pela proibição das bebidas alcoólicas.

A lei que vigorou no país por quase 14 anos condenava "a fabricação, a venda, o transporte, a importação e a exportação de bebidas alcoólicas em toda a área dos Estados Unidos e dos territórios judicialmente submetidos a eles".

Implementada com o propósito de proteger os cidadãos dos perigos gerados pelo consumo do álcool, a chamada Lei Seca acabou por provocar a disseminação de um mal ainda mais perigoso: o crime organizado. Bebidas alcoólicas passaram a ser traficadas em grande escala. Bandos rivais de criminosos de Nova York e Chicago controlavam cadeias de destilarias e bares no país. A prostituição acompanhava com frequência o consumo ilegal do álcool.

Pode-se dizer que um grupo de mulheres foi responsável pela introdução da Lei Seca nos Estados Unidos. Ainda em 1874, as participantes da conservadora União Feminina de Temperança Cristã invadiam bares e restaurantes do país como guerrilheiras carregando a bandeira da proibição do álcool. Com machados e porretes em punho, elas destruíam todo líquido que viam engarrafado.

Produtores rurais e Igrejas puritanas

Logo essas mulheres encontrariam o apoio dos homens às suas ideias através da Liga Antibares, formada por produtores rurais conservadores, liderados pelas Igrejas puritanas. No final do século 19, a Associação Republicana dos Abstinentes já havia conseguido implantar leis contra o álcool em alguns estados americanos.

Apesar de todas as proibições, a vontade de consumir bebidas alcoólicas não foi banida dos EUA, mas apenas levada à ilegalidade. A partir da entrada em vigor da Lei Seca, uma pessoa morria por dia na guerra das quadrilhas controladoras do tráfico. A indústria de bebidas clandestinas proliferou por todo o país.

A eclosão da Primeira Guerra Mundial colocou, no entanto, o argumento decisivo na boca dos inimigos do álcool. Segundo eles, cereais, levedo, malte a açúcar eram alimentos básicos e não poderiam ser desperdiçados na fabricação de bebidas alcoólicas em tempos de guerra. Além disso, cerveja e vinho seriam produtos típicos da Alemanha inimiga. Seu consumo, logo, um ato pouco patriótico.

Elite universitária e contrabando

Entre as várias maneiras encontradas pelos cidadãos para burlar a proibição ao consumo do álcool destacou-se a reação dos estudantes da aristocrática Universidade de Yale, que trataram de fazer com que gângsteres importassem para eles um estoque de uísque escocês para os 14 anos seguintes.

Conhecidos como bootlegger (cano da bota, numa referência à maneira como os pioneiros haviam um dia traficado álcool para os índios), os contrabandistas ampliavam cada vez mais seus negócios. O grande chefão, Alfonso "Al" Capone, entraria para a história como um dos maiores criminosos de todos os tempos. No entanto, não foi possível à Justiça americana provar nenhum de seus atos. Al Capone, que se intitulava "vendedor de móveis antigos", foi processado uma única vez – por sonegação de impostos.

Em dezembro de 1933, o então presidente dos EUA Franklin Roosevelt reconheceu a insensatez da proibição de bebidas alcoólicas no país. A medida, que seu antecessor Herbert Hoover havia chamado de uma "grande experiência social e econômica", foi abolida por Roosevelt em 5 de dezembro de 1933, levando boa parte do crime organizado à falência.