1902: Nasce o comediante alemão Heinz Rühmann
Heinz Rühmann queria ser médico ou ator: "Eu então me tornei ator e, ainda hoje, me surpreende o fato de que eu tenha prosseguido na carreira, pois os primeiros anos foram realmente péssimos. Não se deve, pois, desistir muito cedo."
O primeiro teste de Rühmann foi catastrófico. O diretor Ernst von Possart aconselhou o adolescente com cara de moleque: "Você não tem nenhum talento. Nunca queira tornar-se ator!" Mas Rühmann manteve a coragem e ganhou alguns papéis secundários em teatros do interior. Passando por Hanôver e Bremen, sua trajetória artística o levou finalmente aos grandes teatros de Munique e de Berlim.
Sempre representava o papel do amante jovem e ingênuo. Até que um famoso diretor do cinema descobriu nele talentos ainda maiores. Heinz Rühmann: "Erich Pommer me convidou a fazer testes para o filme Die Drei von der Tankstelle. O primeiro teste fracassou. Provavelmente, a encenação foi mal feita. Eu mesmo caía sempre no meu velho papel de jovem amante, em vez de atuar como ator de comédia. Se Pommer não tivesse dito para tentar mais uma vez, eu provavelmente nunca teria me tornado ator de cinema."
Com a comédia musical Die Drei von der Tankstelle, ao lado do casal romântico do cinema alemão da época, Lilian Harvey e Willi Fritsch, começou então, no ano de 1930, a grande carreira do comediante Heinz Rühmann. Entre os seus grandes êxitos, estão filmes como Der Mann, der Sherlock Holmes war, Allotria, Der Mustergatte, Fünf Millionen suchen einen Erben e Quax, der Bruchpilot. Mas o filme que tornou Heinz Rühmann legendário nas telas alemãs foi Die Feuerzangenbowle.
Na comédia Die Feuerzangenbowle, Heinz Rühmann representou de maneira muito convincente o papel de um colegial travesso, embora já tivesse 42 anos de idade. No pós-guerra, sua carreira foi inicialmente prejudicada pela acusação de ter obtido seus maiores êxitos durante o regime nazista. Durante muito tempo, ficou no ostracismo. Somente em meados da década de 50 pôde recuperar o sucesso anterior, como comediante do cinema e da televisão, e também como ator de teatro.
Rühmann: "O teatro sempre foi para mim o mais importante, porque nele se pode criar uma figura, fazendo com que ela cresça no palco, de ato para ato, até mesmo de maneira visível para as pessoas. Acho isto bonito."
As nuanças suaves, emocionais, foram determinantes para o trabalho de Heinz Rühmann na fase final da sua vida artística. Seja em Hauptmann von Köpenick ou em Braver Soldat Schweijk, seja em Esperando Godot ou em Morte de um Caixeiro Viajante, Rühmann demonstrou toda a versatilidade do seu talento dramático. E sempre manteve um alto nível de popularidade. Com o relançamento da canção de um dos seus filmes – La, le, lu –, Heinz Rühmann ainda conseguiu sobressair-se na parada de sucessos alemã com mais de 90 anos de idade.
Poucos meses antes da sua morte, Heinz Rühmann ainda trabalhou no filme Tão Longe, Tão Perto, do diretor alemão Wim Wenders. Durante mais de setenta anos ininterruptos, Rühmann trabalhou como ator. Ainda hoje, possui na Alemanha um enorme número de fãs. É interminável a lista de prêmios e homenagens, nacionais e internacionais, que recebeu, incluindo desde o Golden Globe até a Grande Cruz de Mérito da República Federal da Alemanha.
O país ficou de luto, quando Heinz Rühmann morreu em outubro de 1994, com 92 anos de idade: um homem de baixa estatura, mas um gigante como ator.