1854: Casamento de Sissi, imperatriz da Áustria
Segundo um cronista da época, a cerimônia dirigida pelo arcebispo de Viena foi de luxo insuperável, unido à riqueza e à pompa imperial. Os convidados pareciam nadar num mar de pedras preciosas. Iniciada no dia 24 de abril de 1854, a festa no palácio imperial de Viena durou uma semana, contando com a presença de quase toda a realeza europeia. Mas a jovem imperatriz – apelidada Sissi – não estava preparada para um posto tão elevado, e a mãe do imperador até mesmo preferira outra candidata.
Nascida a 24 de dezembro de 1837, Elisabeth era filha do duque Maximiliano e da duquesa Ludovika, filha do rei Maximiliano da Baviera. A mãe de Francisco José 1º queria que ele se casasse com a irmã de Sissi, Helene, de 18 anos. Mas, durante a apresentação formal de Helene, o imperador apaixonou-se por Sissi (então com 15 anos) e, imediatamente, anunciou que se casaria com a mais nova das Wittensbach.
A tímida princesa bávara custou a se acostumar à vida no palácio imperial austríaco. Segundo a biógrafa Brigitte Hamann, Sissi detestava tanto as obrigações como rainha da Hungria e imperatriz da Áustria quanto as familiares: "Ela dedicou-se aos três filhos de modo muito diverso: Marie-Valerie era a preferida, Gisela foi completamente relegada, e a preocupação com Rudolph, que se suicidou em 1889, foi mínima".
Preocupação com a beleza
Sempre insatisfeita, Sissi se descontraía com atividades esportivas e o estudo de idiomas. Sua ocupação preferida era cuidar da própria beleza. Com o tempo, transformou-se numa princesa de conto de fadas. A beleza era arma para arrancar tudo o que queria do imperador.
Segundo um parente distante da imperatriz, Ulrich Otto Kreckwitz, inicialmente o casamento correspondeu às expectativas. Quando passou a se desentender com o marido, Sissi tratou de transformar a atriz Katharina Schratt em rival. Francisco José, porém, teria amado sua esposa até o fim da vida. Por sua beleza, a imperatriz tinha muitos admiradores e – segundo as más línguas – vários amantes. O mais famoso teria sido Julius Andrássy, mais tarde ministro das Relações Exteriores do Império Austro-Húngaro.
Francisco José 1º não só foi infeliz no amor como também na política externa. Sob seu reinado (1848-1916), a Áustria – isolada internacionalmente – perdeu o território da Lombardia para a França em 1859, e foi expulsa da Confederação Germânica depois da derrota pela Prússia em 1866. O imperador morreu a 21 de novembro de 1916, em meio à Primeira Guerra Mundial.
Sissi – retratada em filme por Romy Schneider – só queria ser admirada de longe. Com o passar dos anos, afundou na solidão, confiando apenas ao seu diário o que sempre escondeu do marido: "Perambulo solitária sobre a Terra há tempos, alienada da vida e do prazer; não tenho e nunca tive alma que me entendesse", escreveu pouco antes de morrer assassinada por um anarquista, a 10 de setembro de 1898.