1248: Lançada a pedra fundamental da Catedral de Colônia
Publicado 15 de agosto de 2016Última atualização 15 de agosto de 2020Na crônica do mosteiro de São Pantaleão, em Colônia, lê-se sobre 1248: "O arcebispo Konrad von Hochstaden reuniu os prelados da igreja, pessoas influentes e seus funcionários, arrebanhou uma multidão através da palavra de advertência dos pregadores e, após a missa festiva da assunção da bem-aventurada Virgem Maria, lançou a primeira pedra fundamental. (...) A partir dessa época, portanto, foi iniciada, em impressionante profundidade e largura e com enormes custos, a construção do fundamento da nova basílica de São Pedro – a catedral de Colônia."
Assim um monge descreveu o nascimento daquela que é considerada por muitos uma das maravilhas do mundo. Konrad von Hochstaden, arcebispo de Colônia, lançou em 15 de agosto de 1248 – Dia da Assunção de Maria – a pedra fundamental de uma das maiores igrejas do mundo.
O obra foi projetada para ser um retrato terrestre da Jerusalém celestial e louvar a grandeza de Deus. Encarregado da obra foi o mestre francês Gerhard.
Grandeza para relíquias dos Reis Magos
Ela lembra que a igreja antecessora já era uma das maiores da Europa. Esta deveria ser substituída por uma catedral gótica ainda maior. Tomaram-se como referência as catedrais da França, as quais, no entanto, se pretendia superar em tamanho, para tornar evidente que Colônia era o arcebispado mais importante. Ao mesmo tempo, tratava-se de uma das principais igrejas de peregrinação da Europa, o que a arquitetura também deveria expressar.
Oitenta anos antes, o arcebispo Reinald von Dassel trouxera os restos mortais dos Três Reis Magos de Milão para Colônia. A velha catedral não era mais suficientemente pomposa para a preciosa relíquia. Além disso, as formas pesadas do estilo românico estavam fora de moda.
O gótico começava a ser introduzido. Os pesados blocos de pedra lavrada aos poucos davam lugar a colunas, que se erguiam ao céu como raios de luz. A visão sobreviveu por mais de meio milênio. Até a conclusão da catedral, os diversos construtores mantiveram-se fiéis ao plano do mestre Gerhard.
Segundo a ex-chefe das restaurações Barbara Schock-Werner, a arquitetura dessa igreja é especial, pois ela praticamente não sofreu alterações ao longo dos séculos. "Até sua conclusão em 1880, a catedral de Colônia foi construída segundo os planos do mestre Gerhard. Talvez ele tivesse executado alguns detalhes de outra forma, mas a grosso modo a igreja não seria diferente do que é hoje", diz Schock-Werner.
Fidelidade de séculos à planta original
A edificação da obra monumental demorou 632 anos. Nos primeiros dois séculos, foi atrasada pela peste negra, que atingiu a Europa a partir de 1347. Seguiu-se a Reforma protestante de 1517 a 1564, com a cisão de uma parte da comunidade católica da Europa. Nessa época, a principal preocupação da Igreja Católica era sobreviver como instituição.
A nova catedral não era prioridade. O que restou do canteiro de obras para os três séculos seguintes foi um coro, o toco de uma torre e, entre os dois, um terreno baldio. Foi o rei prussiano Frederico Guilherme 4º (1795-1861), um aficionado por artes, que financiou a conclusão da catedral conforme previsto na planta original.
Muitos imperadores e reis, artistas e intelectuais de renome internacional e até papas já estiveram no "Kölner Dom". Há dias em que a catedral de Colônia chega a ser visitada por até 20 mil turistas, vindos de todas as partes do mundo.
As dimensões do colosso sempre retocado
As dimensões desse colosso de pedra com 11 mil cruzes decorativas são impressionantes: suas duas torres têm uma altura de 157 metros. A nave central mede 43 metros de altura, 145 metros de comprimento e 86 metros de largura; o espaço interno é de 407 mil metros cúbicos e o peso total chega a 160 mil toneladas.
O lançamento da pedra fundamental em 1248 também deu origem a uma lenda que persiste até hoje. Segundo ela, quando a catedral ficar pronta, o mundo vai acabar.
Barbara Schock-Werner vê essa profecia com tranquilidade: "Ela nunca estará completamente pronta. O melhor que podemos fazer é manter a restauração no mesmo ritmo da degradação. Se conseguirmos isso estará ótimo."