Zimbabué adia eleições a pedido da SADC
O adiamento era uma exigência da oposição zimbabueana, que afirmava não estarem reunidas as condições para a realização de eleições livres e justas no próximo mês. O acordo foi alcançado depois de uma posição assumida nesse sentido pelos Chefes de Estados e de Governo da Comunidade de Países da África Austral (SADC), reunidos este fim de semana, em Maputo.
Os membros da SADC consideram que não estão reunidas as condições para a realização do sufrágio a 31 de julho. A data tinha sido marcada pelo Tribunal Supremo zimbabueano. Apesar da concordância do Presidente do país, Robert Mugabe, a data tem a oposição das várias forças políticas e outros segmentos da sociedade.
Adiamento com vista à transparência
O movimento, que inclui o primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, vinha defendendo que se registam atrasos na implementação do roteiro acordado entre as partes com vista à realização de eleições livres, justas e transparentes. A posição da SADC foi anunciada no final de uma cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, realizada este sábado (15.06), em Maputo, e que contou com a presença de Robert Mugabe.
Tomás Salomão, secretário-executivo da SADC, afirma que a organização "concordou que o governo do Zimbabué devia engajar o Tribunal Constitucional no sentido de solicitar tempo adicional, para além do dia 31 de julho". Tomás Salomão revelou que as três forças signatárias do acordo político global para a transição do Zimbabwe concordaram já com a decisão da cimeira de adiar a realização das eleições.
SADC pede esforços para eleições justas
As eleições no Zimbabué visam substituir o actual governo de União Nacional, formado em 2009, presidido por Robert Mugabe, no poder há 33 anos, e o seu rival Morgan Tsangirai, como primeiro-ministro. As partes signatárias do acordo político global foram instadas a trabalhar no sentido de garantir que as eleições sejam livres e justas.
O secretário-executivo da SADC explica que "a cimeira indicou que era importante que as partes tomassem todas as medidas para garantir que desta vez as eleições ocorram num ambiente que permita que sejam reconhecidas como eleições pacificas, credíveis, livres e justas".
Madagáscar e RD Congo também na agenda da SADC
A situação em Madagáscar constituiu outro ponto da agenda da cimeira. Tomás Salomão revelou que o encontro reiterou que a SADC não vai reconhecer o governo saído das eleições, previstas para julho, caso participem na corrida três candidatos considerados ilegítimos. Trata-se do Presidente do Governo de Transição, Andry Rajoelina, o ex-Presidente Didier Ratsiraka, e a esposa do antigo Presidente Marc
Ravalomanana.
A SADC, diz Tomás Salomão, "não vai reconhecer qualquer eleição ou resultado eleitoral enquanto estes candidatos ilegítimos permanecerem nas listas". Para além disso, revela, "a cimeira encorajou a comunidade internacional a não reconhecer qualquer resultado eleitoral que possa incluir estes candidatos que apresentaram as suas candidaturas em plena violação à Constituição e à Lei Eleitoral em Madagáscar".
A cimeira da SADC abordou também a situação na República Democrática do Congo tendo encorajado a rápida obtenção de um entendimento entre o
governo e as varias forças politicas no país.