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Zambézia: Populares denunciam venda ilegal de medicamentos

16 de janeiro de 2023

Na província moçambicana da Zambézia, populares denunciam a venda ilegal de medicamentos nos bairros e mercados informais. Ativista diz que o roubo de medicamentos é comandado por funcionários do setor da Saúde.

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Medicamentos contrabandeados em Moçambique
Foto: Marcelino Mueia/DW

Benjamim Tomás, ativista e membro das organizações da sociedade civil da província moçambicana da Zambézia, acusa os funcionários do Serviço Nacional de Saúde de comandarem o roubo e a venda de medicamentos, sobretudo de malária.

"Temos técnicos já formados nessa área de saúde, calculam quando é que entram medicamentos nas unidades sanitárias. Eles têm receitas obscuras, que é para levar os medicamentos mais importantes para fins pessoais", denuncia.

Tomás acrescenta que há quem venda inclusive os medicamentos destinados às comunidades mais desfavorecidas, que vivem em zonas de difícil acesso. "Chegam às zonas recônditas e, em vez de dar os medicamentos às pessoas, eles vendem. Tenho exemplos concretos em Nicoadala."

O desvio e venda informal de medicamentos hospitalares do sistema nacional de saúde em Moçambique é um problema denunciado frequentemente, que tem gerado debate em vários fóruns.

Os fármacos mais procurados e vendidos são para curar a malária. E isto é algo que se constata em todos os distritos da Zambézia em regiões recônditas como Nicoadala, Chinde, Gile e Quelimane, na capital da província. Mas as soluções para o problema são difíceis de encontrar.

Hospital de Gile, província da Zambézia
Populares acusam o pessoal médico de roubo de medicamentos nos hospitais da ZambéziaFoto: Marcelino Mueia/DW

Possíveis soluções

Os medicamentos são vendidos nos bairros e esquinas por ambulantes sem vínculos ao setor da saúde e sem qualificações para a atividade.

"Isso eu confirmo. Você quando pergunta [sobre o medicamento], a resposta é: Estás doente ou queres espionar? Se não queres, vai. Como você vai ficar? Acaba levando o medicamento", disse o membro da sociedade civil. 

Para o ativista Benjamim Tomás, uma possível solução para acabar com o desvio e venda de medicamentos é incentivar os líderes comunitários e os populares a denunciarem este tipo de crime, "porque estes medicamentos saem dos hospitais."

"Será que alguém foi lá arrombar o armazém? Não, é o agente do hospital que fornece", disse, aludindo aos medicamentos que são vendidos nas ruas da Zambézia.

Recentemente, várias individualidades e parceiros da saúde reuniram-se para delinear estratégias para melhorar a prestação de serviços de saúde nos hospitais na Zambézia. 

Para o representante da Direção Provincial da Saúde, Víctor Pequenino, é fundamental a união entre parceiros e o setor de Saúde para eliminar o contrabando de fármacos.

"Um e outro caso têm sido reportados. Na verdade, este problema não é só do setor, há vários intervenientes. A união vai fazer a força", afirmou Pequenino.

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