Vídeo 'Kony 2012' tem recepção crítica no Uganda
20 de março de 2012
O vídeo "Kony 2012" foi postado no site da Internet Youtube pela organização não governamental norte-americana Invisible Children (Crianças Invisíveis) no início do mês. Até o último domingo, o filme obteve quase 83 milhões de acessos.
"Os próximos 27 minutos são uma experiência. Mas para que funcione, tens de prestar atenção", diz o narrador da história. É Jason Russell quem fala. Ele é também o produtor do documentário e tinha um objectivo muito claro: "E se formos bem sucedidos vamos mudar o curso da história. Então, colocamos o Kony nos noticiários do mundo", afirma.
Joseph Kony é conhecido como o líder do Exercito de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês). No vídeo, ele e o seu exército são responsabilizados pelo recrutamento de crianças para se tornarem soldados e também para serem escravos sexuais, com o objetivo inicial de derrubar o governo do Uganda e substituí-lo por uma teocracia. Desde 1986, Kony e sua guerrilha teriam sequestrado mais de 60 mil crianças.
Campanha falha em esclarecer, diz ministro do Uganda
Entre as críticas que se tem feito ao documentário que pretende fazer um perfil de Joseph Kony - para "torná-lo famoso" e ajudar manter a missão militar norte-americana no Uganda, que provê assistência militar para a captura do líder rebelde - está o facto de o filme ser pouco atual, apesar de os produtores dizerem "este filme expira a 31 de Dezembro de 2012 e o seu único propósito é parar o Grupo LRA e o seu líder Joseph Kony ".
O primeiro-ministro do Uganda está entre os críticos. O chefe de governo, Amama Mbabazi, escolheu também o Youtube, uma das plataformas onde foi divulgado o vídeo da Invisible Children, para falar o que pensa.
"A campanha 'Kony 2012' falha em esclarecer um ponto crucial claro. Joseph Kony não está no Uganda. Agências de inteligência e de segurança em todo o mundo estão de acordo. As Nações Unidas e a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) concordam que Joseph Kony não tem uma base da sua organização criminosa no Uganda desde 2006", revela Mbabazi.
Segundo outras críticas, o documentário, prova que o sofrimento de pessoas inocentes em todo o mundo pode desencadear consternação entre as pessoas que o veem. Mas muitos não estão satisfeitos com o trabalho de Russell, que tem sido classificado como simplista.
Autora: Carla Fernandes
Edição: Cris Vieira / Renate Krieger