Verdes ganham terreno no Parlamento Europeu
27 de maio de 2019Segundo os resultados provisórios mais recentes, os Verdes europeus conseguiram 67 assentos, tirando o lugar aos Reformistas e Conservadores Europeus (que conseguiu 61) e tornando-se na quarta força mais votada nestas eleições europeias, que elegeram um total de 751 eurodeputados.
A predominar na assembleia europeia continuam, ainda assim, o Partido Popular Europeu (PPE), com 180 eleitos, a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), com 152, e a Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE), com 105, de acordo com os resultados provisórios.
Com a perda de mais de 39 deputados, PPE e S&D, de centro-direita, pela primeira vez nem juntos conseguem uma maioria. Portanto, a partir desta segunda-feira (27.05) será preciso iniciar negociações que permitam acordos com os Verdes, a ALDE, do Presidente francês, Emmanuel Macron, e a Europa das Nações e das Liberdades (ENL), do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, que foi o grupo que mais cresceu eleitoralmente.
"Onda verde" na UE
A nova relação de forças vai definir quem ocupará o mais alto cargo da União Europeia: a presidência da Comissão Europeia. Os candidatos são nomeados pelo Conselho Europeu - que reúne os chefes de executivo dos Estados-membros - e aprovados por maioria simples no Parlamento. O candidato em melhor posição é o alemão Manfred Weber, do PPE.
"Não conquistamos uma grande vitória nestas eleições, mas somos o grupo mais forte", admitiu Manfred Weber. "É preciso que os grupos pró-europeus cooperem nesta nova fase, especialmente os Verdes que são também os vencedores do dia. Os verdes são os potenciais parceiros com quem devemo-nos sentar e elaborar estratégias para os próximos cinco anos."
Com o clima na ordem do dia, em que o fim do plástico se tornou numa luta comunitária, as eleições para o Parlamento Europeu, que decorreram entre quinta-feira e domingo, revelaram a ascensão de vários partidos ecologistas na União Europeia (UE). Uma "onda verde" na UE, como afirmou o eurodeputado ecologista holandês Bas Eickhout.
Abstenção mais baixa dos últimos 20 anos
A taxa de participação nestas eleições europeias foi de 50,5%, a mais elevada dos últimos 20 anos e oito pontos acima do anterior sufrágio. O porta-voz do Parlamento Europeu, Jaume Duch, sublinhou que este é o aumento da afluência às urnas "mais significativo" desde as primeiras eleições, em 1979.
Portugal contraria esta tendência, com as projeções a apontarem para uma abstenção entre 65% e 70%, provavelmente a mais elevada de sempre.
A liberal dinamarquesa e comissária da EU Margrethe Vestager, candidata à presidência da Comissão Europeia, disse em entrevista à DW que as pessoas perceberam a diferença do voto: "Votar é poder e esse poder deve ser exercido."
Para Margrethe Vestager, "há partidos que querem destruir a UE, há partidos que se dizem nacionalistas, mas vendem as suas terras para os russos, o que fez as pessoas pensarem que deveriam votar desta vez."
Apesar de vitórias em Estados-membros tão importantes quanto França, Itália, Reino Unido ou Polónia, as forças de extrema-direita e eurocépticas vão ocupar cerca de 22,5% do hemiciclo, uma percentagem bem mais baixa que os 33% que ambicionavam, que seria o número necessário para bloquear a atividade legislativa do Parlamento Europeu.