Universitários em Luanda queixam-se do valor das propinas
4 de março de 2018Universitários de diversas instituições públicas e privadas de Luanda, capital de Angola, queixam-se dos valores das propinas e emolumentos das instituições do país. Em entrevista à agência de notícias Lusa, muitos também apontaram a "fraca qualidade de alguns docentes" como outro dos problemas que persistem no ensino universitário angolano.
Para Helder Tomés Capemba, que a partir desta segunda-feira vai frequentar o 1º ano do curso de Engenharia e Petróleos na Universidade Católica de Angola, o ensino universitário do país ainda "carece de muitas melhorias".
"Antevejo muitos desafios, sobretudo devido à componente técnica que este curso exige e vai ser uma nova jornada para mim. Estou é preocupado com a qualidade de ensino, porque entendo que tem que ser bom, sem dificuldades e com ajuda dos professores", afirmou.
Propinas pesadas
Sobre as propinas, o estudante de 18 anos explica que vai pagar mensalmente cerca de 140 euros, valor que considera "muito alto" e que "vai pesar muito" no bolso dos seus pais. "Estou preparado para o pagamento regular das propinas com ajuda dos meus pais, mas vou batalhar para valorizar esses gastos".
Também em entrevista à Lusa, Noberto Garcia, estudante do 3º ano de Relações Internacionais na Universidade Lusíada de Angola, lamenta os elevados valores dos emolumentos e taxas cobradas ainda antes de começarem as aulas.
"A minha primeira preocupação são os custos das propinas, as multas, inscrições, matrículas e outros emolumentos. Os valores são muito altos e receio que muita gente desista por causa desses valores", explicou o jovem que vai pagar o equivalente a 150 euros por mês para estudar.
"Falta qualidade no ensino"
Em relação à qualidade do ensino, Noberto Garcia diz que "depende das instituições". "Há algumas com professores que deixam muito a desejar, sobretudo na transmissão do conhecimento".
Na maior instituição pública de Angola, a Universidade Agostinho Neto, a estudante da Faculdade de Direito, Calenda Salunga, acredita que houve melhoras na infraestrutura de ensino, porém carece ainda de professores com mais qualidade.
"Acho que não há muita qualidade. Apesar de se dizer que houve crescimento de algumas infraestruturas, ainda temos muitos professores com fraca habilidade para transmitir o conhecimento e aí onde precisamos melhorar para a transformação do nosso país".
Crescimento
Para este ano académico, as universidade angolanas vão disponibilizar um total de 134.418 vagas, entre instituições públicas e privadas. O Presidente João Lourenço anunciou, na semana passada, na abertura oficial do período, um crescimento superior a 20 mil vagas, em comparação com o ano anterior.
Segundo João Lourenço, apesar do crescimento do número de estudantes universitários no país ser já bastante significativo, Angola ainda está "aquém" dos valores recomendados pela União Africana, que pretende que os países africanos atinjam 50%, em 2063.
"Ainda temos pela frente um grande desafio, porque a taxa de jovens com idade para frequentar o ensino superior continua muito aquém dos valores recomendados pela União Africana", realçou na ocasião.