UNITA encerra campanha em clima de vitória
22 de agosto de 2022A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) terminou a campanha com um comício que encheu as antigas instalações da FILDA. Ao final desta tarde, o líder do partido, Adalberto Costa Júnior, disse que é hora da mudança.
"O angolano entendeu bem que, nas listas da UNITA, está esta ampla frente para alternância e, no dia 24, nós estaremos a acabar com o partido único no poder", afirmou Costa Júnior.
Os 30 dias de campanha eleitoral são considerados positivos pelo maior partido na oposição, que se vê a um passo do poder político em Angola. Adalberto Costa Júnior diz ter feito a campanha toda viajando de carro em estradas degradadas das várias províncias do país, contactando cidadãos de aldeias com altos índices de pobreza.
O apoio recebido durante a campanha de caça ao voto em todo o território angolano demonstra ser o momento da UNITA chegar ao poder, acredita o político: "É por causa disso que sentimos o apoio extraordinário ao longo deste percurso de 30 dias, da parte de todo o país, de forma efusiva. Decidimos percorrer o país por estrada. Decidimos fazer esta campanha do mesmo modo que queremos fazer a governação do país, com proximidade".
Adalberto Costa Júnior está confiante. "Pensamos que temos todas as condições criadas para fazer história daqui a dois dias. No dia 24, o angolano dá uma maioria parlamentar à UNITA e a UNITA vai devolver direitos", prometeu o candidato do partido do Galo Negro.
Alternância de poder
O cabeça de lista da UNITA disse ainda ter a "absoluta necessidade de tranquilizar os compatriotas que formataram a governação ao longo dos 47 anos", dirigindo-se aos membros do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder): "Não tenham medo da alternância. Não há democracia sem a alternância do poder", até porque "a continuidade do partido único do poder corresponde ao adiamento do desenvolvimento de Angola".
Afirmando que a UNITA é defensora da "continuidade do Estado", Costa Júnior agradeceu à polícia a proteção durante a campanha e criticou a "grande diferença salarial entre as forças de segurança e de defesa angolanas".
"Iludam-se todos aqueles que pensam que a alternância é atentar contra a segurança do Estado" ou que possam atuar contra quem ganhe as eleições. "As forças de defesa e de segurança estão com maturidade e respeitam a lei", disse, reafirmando que chegou ao fim o adiamento do desenvolvimento de Angola.
"Votou, sentou"
O apelo à campanha cívica de controlo e fiscalização do voto "votou, sentou" foi um dos gritos de força no comício desta segunda-feira (22.08). Os militantes, simpatizantes e amigos da UNITA gritavam em uníssono "votou, sentou".
Este apelo é desencorajado pelo MPLA, pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e por alguns partidos concorrentes às eleições, como é o caso da Aliança Patriótica Nacional (APN).
O líder da UNITA diz que a intenção não viola a lei. Costa Júnior pediu que os eleitores fiscalizem o voto com harmonia.
"Vamos todos votar, vamos todos cuidar dos nossos amigos, os nossos parentes, os nossos vizinhos, os membros da nossa comunidade todos vão votar em ambiente de tranquilidade. E depois de votar, sair da assembleia e depois esperar o resultado fora, em ambiente de paz e de tranquilidade, mas vamos tomar conta do nosso voto e vamos festejar em ambiente de tranquilidade, de respeito e de paz," apelou.
O também denominado "líder da alternância" diz não existir "nenhum motivo para haver perturbações" em Angola.
"Uma verdadeira democracia"
Adalberto Costa Júnior pediu às forças de segurança e de defesa para se manterem equidistantes, prometeu combater a corrupção e criticou a falta de transparência e independência do processo eleitoral, a favor do MPLA.
Quando o ex-Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, subiu ao palco na qualidade de líder da missão de observadores da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Adalberto Costa Júnior saudou-o e elogiou a democracia cabo-verdiana.
"Nada melhor que o exemplo de Cabo Verde para nos inspirar no que queremos" para Angola. "Naquele país, as eleições proporcionaram a alternância várias vezes e a democracia em Cabo Verde é robusta e com maturidade". É "um bom exemplo para nós", afirmou Costa Júnior.
O dia dos demais partidos
No último dia que da campanha eleitoral em Angola, o MPLA, que fez o encerramento da sua campanha no sábado passado (20.08) em Luanda, realizou um encontro entre o seu candidato João Lourenço e as mulheres. Lourenço pediu o voto das senhoras porque diz que criou condições para que, nas próximas eleições, Angola tenha uma mulher na Presidência da República.
"Estamos a aguardar esse momento chegar. Se isso acontecer, a candidata a Presidente da República terá de ser do MPLA", disse na manhã desta segunda-feira João Lourenço, que concorre a um segundo mandato.
O Partido de Renovação Social (PRS) encerrou a campanha eleitoral na província do Huambo com um ato político dirigido pelo seu presidente Benedito Daniel. O PRS continua a defender o federalismo para o sistema político angolano.
O Partido Humanista de Angola (PHA) encerrou a campanha eleitoral em Luanda, no Largo das Escola. Bela Malaquias, que pretende "humanizar Angola", promete acabar com a injustiça no país.
A terça-feira (23.08) é o dia reservado para que os mais de 14 milhões de eleitores reflitam sobre os manifestos eleitorais e programas de governação apresentados pelos concorrentes às eleições gerais.
Oito forças políticas - sete partidos e uma coligação de partidos - concorrem às eleições de 24 de agosto, que vão eleger o Presidente da República, o vice-Presidente e os deputados à Assembleia Nacional.
*Artigo atualizado às 21:30 horas locais na Alemanha