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UNITA ainda segue os ideais de Jonas Savimbi?

Adolfo Guerra (Menongue)
22 de fevereiro de 2023

Assinalam-se hoje 21 anos da morte de Jonas Savimbi, fundador da UNITA, numa altura em que parte dos militantes considera que o maior partido da oposição angolana mudou de rumo e viola princípios democráticos internos.

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Se Jonas Malheiro Savimbi fosse vivo, completaria hoje 89 anos de idade
Se Jonas Malheiro Savimbi fosse vivo, completaria hoje 89 anos de idadeFoto: Getty Images/AFP/T. Samson

O líder do maior partido da oposição angolana morreu em combate há 21 anos, nas chanas do Leste, no Moxico, onde esteve enterrado até 2019, ocasião em que os restos mortais foram exumados, entregues à família e à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e sepultados na sua terra natal, Lopitanga. 

A UNITA foi fundada nas matas do Moxico em 1966 por Jonas Malheiro Sidónio Savimbi. Na sua criação, o "Galo Negro" adoptou cinco princípios como pilares estruturantes: a liberdade e independência, a democracia assegurada pelo voto, soberania do povo, igualdade na pátria de nascimento, além de priorizar o campo para beneficiar a cidade.

Mas nos dias que correm, uma boa parte dos militantes do partido fundado há 36 anos acha que a UNITA mudou de rumos e viola os princípios democráticos internos.

E se Savimbi fosse Presidente de Angola?

Ouvido pela DW, David Tchiovo, secretário-adjunto da UNITA no Cuando Cubango, afirma que os ideais de Savimbi continuam a guiar o partido: "Neste preciso momento nós temos um partido noutras condições políticas que permitem com o projeto Muangai, tivemos a liderança do mais velho Samakuva que estabilizou o partido e agora temos o outro líder e também carismático."

David Tchiovo sublinha que a UNITA continua forte. "Se não fosse forte não teríamos o resultado que nós tivemos e em todos os pleitos eleitorais os resultados tendem sempre a subir a favor do partido", destaca.

A sua opinião: Como avalia os 20 anos de paz em Angola?

E se Savimbi fosse Presidente de Angola, imagina o secretário-adjunto da UNITA no Cuando Cubango, o país seria hoje mais desenvolvido e melhor governado. "A totalidade da independência que nós queremos do ponto de vista econômica e social porque o país continua dependente economicamente de outros países. Angola está longe do que nós queríamos que fosse", lamenta.

Os problemas continuam, as políticas de governação não funcionam, a economia está mal, os preços da cesta básica sobem cada dia o emprego a juventude é um problema sério, à saúde é uma lástima, a educação também, eu que lhe falo sou professor, isto é que nos encoraja para continuarmos com o projecto Muangai”. 

Sobre a alegada falta de democracia interna dentro do partido, o responsável político do maior partido da oposicao em Angola desvalorizou as críticas: "Aquelas coisas que se ouve, é mentira. Temos neste momento a preparação do congresso da JURA [Juventude Unida Revolucionária de Angola], há muitos candidatos e cada um é livre, a democracia é uma realidade. Se não tivéssemos democracia interna no partido então não teríamos falado tanto de democracia para o país".

É preciso resolver "makas" internas

O agente social Alberto Viagem alerta para uma eventual rotura no partido se nao forem resolvidos os problemas internos na UNITA.

"Se a questão é manter a ideologia ligada a princípios democráticos os pequenos internos de facto serem resolvidos com base em princípios democráticos, nós acreditamos que os pequenos problemas mesmo que mantidos a nível interno

Porque se saírem fórum interno, alega, "podem deteriorar qualquer princípio e isto pode acabar com qualquer organização para não se descobrir a lacuna e se procurar de imediato soluções."