Uganda: Militares invadem casa de adversário do Presidente
12 de janeiro de 2021O candidato oposicionista Bobi Wine concedia entrevista a uma rádio queniana quando sua residência teria sido invadida por militares. Usuários reclamam que não puderam acessar as redes sociais esta terça-feira no país.
Wine disse que soldados invadiram a sua residência nesta terça-feira (12.01) e prenderam seus seguranças a dois dias das eleições.
Robert Kyagulanyi Ssentamu, conhecido como Bobi Wine, é um cantor popular de 38 anos, que é deputado desde 2017. O candidato oposicionista, da Plataforma de Unidade Nacional, é o principal concorrente do Presidente Yoweri Museveni, de 76 anos - dos quais 35 à frente do governo do país – no pleito desta quina-feira (14.01). Museveni concorre a reeleição pelo Movimento de Resistência Nacional.
"O exército invadiu esta manhã a minha casa, prendeu todos os meus guardas de segurança e qualquer pessoa que pudessem ver na minha residência", denunciou através de sua conta no Twitter, acrescentando que não foi dada justificação para as detenções.
O porta-voz da polícia de Kampala, Patrick Onyango, negou que quaisquer detenções tenham ocorrido. "Estávamos apenas a reordenar as nossas posições de segurança na área perto da casa [do candidato], especificamente removendo alguns pontos de controlo", disse à Reuters.
O incidente teria ocorrido quando Wine concedia uma entrevista a uma rádio queniana. "Estamos a ser atacados por militares", disse Wine. "Tenho de terminar a entrevista porque estou a ver soldados a espancar os meus seguranças", disse à emissora.
Campanha com violência
Os ugandeses vão às urnas para eleger o Presidente e os novos integrantes do Parlamento. Dez candidatos desafiam o Presidente Youweri Museveni, um antigo líder guerrilheiro que tomou o poder em 1986.
Campanha eleitoral foi marcada pela violência política, com dezenas de manifestantes da oposição mortos durante a repressão a comícios. Wine foi detido várias vezes durante a campanha.
Museveni anunciou no Twitter que iria falar à nação às 19 horas (1600 GMT) desta terça-feira. Na terça-feira de manhã, muitas pessoas declararam não ter acesso ao Facebook. Durante as eleições anteriores em 2016, as redes sociais - Facebook e WhatsApp - foram encerrados durante dias próximos à votação.