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Ucrânia: Envio de minas antipessoais "é injustificável"

af | com agências
21 de novembro de 2024

ONG criticam EUA por envio de minas antipessoais para a Ucrânia. Washington e Kiev dizem que minas são "muito importantes" para conter avanço do exército russo. Já Moscovo diz que Washington quer prolongar a guerra.

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Ukraine, Pokrowsk | Einwohner radelt an zerstörten Geschäften vorbei
Foto: Florent Vergnes/AFP

Depois de autorizar a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance norte-americanos para atacar alvos em território russo, os Estados Unidos decidiram, esta quarta-feira (20.11), fornecer minas antipessoais a Kiev.

O secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, explica que a medida é uma resposta à mudança tática no campo de batalha por parte da Rússia, que está a recorrer cada vez mais a infantaria para continuar os ataques em solo ucraniano.

"Os ucranianos precisam de ajuda para travar esse esforço dos russos", acrescenta Lloyd Austin.

Também num discurso à nação na noite desta quarta-feira, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que as minas terrestres antipessoais fornecidas por Washington são "muito importantes" para conter o avanço do exército russo no leste do país.

Enterradas ou escondidas no solo, as minas antipessoais explodem quando alguém se aproxima ou entra em contacto com elas, causando frequentemente mutilações ou mesmo a morte.

"Decisão injustificável"

No entanto, várias organizações de defesa dos direitos humanos criticaram a decisão dos EUA, classificando-a de "injustificável".

As minas "não distinguem entre soldados e civis" e continuam a explodir muito depois de terem sido colocadas, podendo afetar agricultores ou crianças, lamentou Alma Taslidzan, da ONG Handicap International, em entrevista à agência noticiosa francesa AFP. 

Mina antipessoal encontrada em Donetsk
As minas antipessoais explodem quando alguém se aproxima ou entra em contacto com elasFoto: Nikolai Trishin/Tass/dpa/picture alliance

Mary Wareham, representante da Human Rights Watch, alerta para as consequências, a longo prazo,  destes artefactos de guerra proibidos internacionalmente para os civis.

"A grande maioria das pessoas mortas e feridas por minas terrestres antipessoais são civis, aproximadamente um terço de crianças. Portanto, essa é uma arma inaceitável", frisa.

garante que as minas fornecidas a Kiev serão "não persistentes", ou seja, são equipadas com um dispositivo de autodestruição ou autodesativação, o que teoricamente limitaria os riscos para os civis.

"(...) Podemos controlar quando elas se autoativam, se autodetonam e isso as torna muito mais seguras”, acrescenta ´.

Cerca de 164 Estados e territórios, incluindo a Ucrânia, assinaram a Convenção de Otava de 1997 sobre a proibição e eliminação das minas antipessoais, mas nem a Rússia nem os Estados Unidos ratificaram a convenção.

Como a Europa reage a possível volta de Trump à Casa Branca?

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou, na terça-feira, a doação à Ucrânia de pelo menos 275 milhões de dólares em novas armas. O pacote também inclui equipamentos de proteção química, biológica, radiológica e nuclear.

A Rússia já reagiu, dizendo que os Estados Unidos pretendem continuar a guerra na Ucrânia.

Ucranianos querem fim da guerra

Sondagens realizadas entre agosto e outubro deste ano, e divulgadas esta quinta-feira, pela empresa norte-americana Gallup, indicam que mais de metade dos ucranianos querem negociações o mais rápido possível para ofim da guerra com a Rússia.

Quase quatro em cada 10 ucranianos (38%) acreditam que Kiev deve continuar a lutar até à vitória, dizem as sondagens, uma queda de quase 35% em comparação com 2022, altura em que 73% dos ucranianos eram a favor dos combates.

Foram inqueridas mil pessoas por telefone, e a margem de erro é de 3%.