Tristeza e raiva na Nigéria após ataque contra centro comercial
26 de junho de 2014Uma forte explosão abalou quarta-feira o Emab Plaza de Abuja, em plena capital nigeriana. O frequentado centro comercial estava apinhado de gente. Faltava apenas uma hora para o jogo da Nigéria contra a Argentina no Mundial de Futebol de 2014.
O espaço fica na zona Wuse 2, numa rua comercial muito movimentada. Sobretudo à noite, quando os inúmeros moradores dos subúrbios regressam a casa, formam-se aqui longas filas de gente.
Testemunhas no local ficaram chocadas com o atentado. “Sim, foi uma bomba que explodiu. Nós sabemos. Toda a gente aqui está com raiva. Ninguém quer a falar agora.”Disse este homem que não conseguiu esconder a sua raiva aos microfones da DW África.
Agora a rua está isolada, como se pode ver pelas várias fitas amarelas da polícia no local. No ataque, ocorrido pelas 16 horas locais, morreram pelo menos 21 pessoas e outras 17 ficaram feridas. De acordo com informações da polícia, também foram incendiados pelo menos 17 veículos.
Boko Haram é o suspeito
O ataque ainda não foi reivindicado, mas as suspeitas recaem sobre o Boko Haram. Nos dois últimos meses, Abuja já foi alvo de dois ataques do grupo islamita. No bairro de Nyanya, no sul da capital, morreram 120 pessoas.
Na quarta-feira houve também uma explosão num mercado de Adamawa, no norte do país. Não há registo de feridos.
Horas depois do ataque em Abuja, oreceio de que o Boko Haram possa voltar a atacar ainda é grande. Muitas pessoas discutem o assunto em voz alta.
“Eu vi de longe, não estava presente quando isso aconteceu. Estava numa loja quando isso aconteceu. Quando saí, havia muitas pessoas a fugir. Eu não estava presente quando a explosão aconteceu, mas vi de longe”, conta Chuks Ekwireke, que faz parte da equipa que gere o centro comercial.
O gerente diz o que muitas pessoas sentem neste momento na Nigéria.“Sinto-me mal. Já ninguém está seguro aqui em Abuja. Na verdade, ninguém está seguro em toda a Nigéria. Por isso, não estou contente. Não estou nada contente”, confessa.
Crescem críticas às autoridades
Na cidade dominada pelo medo, levanta-se mais uma vez a questão da incapacidade das autoridades na luta contra o Boko Haram. E cresce também o ressentimento e a raiva entre a população. “Numa situação como esta, os líderes não sabem dizer-nos o que está a acontecer. Eles sabem o que se passa, qual é o problema. Eles lidam com o problema”, critica o comerciante Abdu Kaze.
“Eles não nos podemenganar. Não podemos fugir por causa deles. Este é o nosso país, a nossa casa. Esta é a nossa terra”, frisa.
O empresário Abdu Kaze tenta falar com calma, mas nem sempre consegue. “Estamos a sofrer”, sublinha. Está irritado porque as precauções de segurança levadas a cabopelo Governo falharam. “Sabe quantas pessoas morreram aqui hoje? E isto apesar de aqui perto termos postos de controlo policiais”, critica.
“E ainda nos dizem que temos segurança. Mas nós não temos segurança. Eles vão continuar a proteger-se a si mesmos. E nós vamos tratar da nossa própria protecção”, acrescenta o comerciante.