Angolanos acusados de pertencer ao EI declaram-se inocentes
24 de outubro de 2017Terminou na noite desta terça-feira (24), a fase de produção de provas do julgamento dos seis jovens angolanos acusados de jurar fidelidade ao grupo extremista Estado Islâmico (EI). O tribunal questionou a relação dos declarantes com os réus, assim como o objetivo da página do Facebook "Predicar Angola". Segundo os acusados, a página tem a finalidade de pregar a fé Islâmica.
Provas virtuais
À imprensa, Ismael Campos, um dos declarantes, disse que a acusação que pesa sobre os seis muçulmanos angolanos não tem nenhum fundamento, somente porque os arguidos ensinavam o Islão nas ruas e nas redes sociais. "Acho que é uma acusação basicamente vaga. Não se pode fazer uma acusação dessa dimensão baseando-se em provas virtuais. Não se pode fazer uma acusação baseando-se num livro muitas vezes comprado em livrarias públicas”, explicou.
Campos disse ainda que o Islão não compactua com o extremismo. O muçulmano angolano afirmou que os seus "irmãos” estão a ser acusados de pertencerem à organização terrorista por causa de uma suposta "diabolização contra a religião, que alega ser criada pela imprensa”.
Crime ou preconceito?O jovem declarou que os crimes dos cidadãos não devem ser associados às suas crenças. "Em todo sítio, onde há criminosos, podemos encontrar pessoas de diferentes denominações e confissões religiosas. Porquê é que se um muçulmano comete um crime, é sempre associado à religião?”, questionou.
De acordo com a acusação, datada de 26 de abril, os suspeitos criaram em 2015, em Angola, o "Grupo muçulmano radical denominado 'Street Da Was'".
Para o presidente da Comunidade Islâmica em Angola, Mateta Nzola, que também foi constituído declarante, o grupo pregava apenas o evangelho. Ele desconhece, no entanto, a informação de que seus fiéis se tenham aliado ao Estado Islâmico.
A próxima sessão foi marcada para o dia 8 de novembro, e será o dia das alegações finais.