Tensão na Zambézia: Eleições repetidas com agressões
14 de outubro de 2024A repetição da votação na autarquia de Maganja da Costa, província da Zambézia, no último fim de semana, foi palco de episódios violentos, alegadamente causados por um observador eleitoral, além de várias acusações de suborno.
As tensões começaram no sábado, por volta das 11h da manhã, quando o secretário de um dos bairros tentou aproximar-se de uma assembleia de voto com uma lista nominal e um boné vermelho do partido FRELIMO. Esta ação desencadeou as primeiras escaramuças.
Já à noite, por volta das 20h, um observador eleitoral do Conselho Nacional da Juventude foi acusado pelos delegados de candidatura da RENAMO e Podemos de tentar subornar delegados da RENAMO e um membro da mesa de votação. O valor envolvido no suborno seria de 30 mil meticais (aproximadamente 438 euros). O observador foi interceptado pela população enquanto tentava fugir após a denúncia e acabou por ser gravemente espancado pelos membros dos dois partidos antes de ser levado à polícia local.
Eduardo Ladria, mandatário da RENAMO, descreveu o evento como uma das eleições mais violentas da história recente, mesmo sendo a repetição em apenas quatro assembleias de voto. Segundo Ladria, o processo eleitoral decorreu de forma lenta e suspeita desde o início, com episódios de fraude ocorrendo já na primeira assembleia.
"Durante o dia, foram-se acumulando pessoas e o processo foi sendo muito lento, fazia parte da estratégia. Houve suborno, e quando parecia tudo acertado, houve confusão e violência," relatou Ladria, referindo-se à quantia dividida entre os delegados da RENAMO e outros envolvidos.
O vice-presidente do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de Maganja da Costa, Castro Nataniel, afirmou que controlar os ânimos no sábado foi uma tarefa difícil, após a alegada tentativa de suborno. Segundo Nataniel, o caso está agora a ser tratado pelas autoridades competentes.
Enquanto isso, na província da Zambézia, as eleições decorreram também na autarquia de Gilé. Apesar da greve dos membros das mesas de voto, que exigiam o pagamento dos seus subsídios, as autoridades consideraram o sábado relativamente calmo. A greve, ocorrida a 9 de outubro, levou ao cancelamento da votação em 19 mesas nesse dia.
No domingo, a Comissão Distrital de Eleições de Quelimane anunciou os resultados parciais da votação, quatro dias após o escrutínio. António Cigarro, vogal do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), justificou a demora com o desaparecimento de actas de algumas mesas de voto, que posteriormente foram encontradas nos armazéns do STAE.
"O processo atrasou por causa disso. Foram três dias de espera até que se encontrassem as actas nos armazéns," explicou Cigarro.
A situação política em Maganja da Costa continua a ser monitorizada pelas autoridades, com os incidentes a serem alvo de investigação.