Telemóveis ajudam ONU a combater má nutrição na Guiné-Bissau

O Programa Alimentar Mundial (PAM) está a utilizar telemóveis, na Guiné-Bissau, para enviar dados tendentes a descobrir e combater bolsas de fome em Quinará, sul daquele país. Trata-se de uma novidade na zona sul do país, pois tradicionalmente as regiões de maior escassez alimentar estão localizadas a norte e a leste, nomeadamente em Oio, Gabú e Bafatá .

A monitorização da situação é feita todos os anos, mas esta é a primeira vez que aquela agência da ONU recorre a este sistema inovador para recolher informações nas oito regiões do país que irão permitir aos técnicos identificar quem passa fome, onde vive e quais as suas necessidades reais.

A iniciativa do PAM, apoiada em inquéritos realizados no terreno e desenvolvida em parceria com o Instituto Nacional de Estatística (INE) e a Direção Estatística da Agricultura, vai permitir analisar os padrões de consumo das famílias, os rendimentos e as estratégias para resolver localmente problemas de escassez alimentar.

Insegurança alimentar aumenta

Geoff Wiffin, representante da UNICEF (Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura) na Guiné-Bissau, considera que ainda não existe uma situação de fome no sul do país mas, de acordo com os dados recolhidos nos inquéritos, diz que o PAM classifica de “insegurança alimentar” a situação que atualmente se vive em Quinará.

“Por essa razão – acrescentou – o PAM fez na semana passada a distribuição de telemóveis para, durante os próximos meses, recolher mais dados e fazer o ponto da situação.”

Relativamente aos casos de má nutrição, sobretudo em crianças, Segundo Wiffin o esforço que está a ser feito junto de grávidas e mães jovens é o de as persuadir a alterarem os hábitos alimentares, assegurar que façam a amamentação e que forneçam às crianças uma alimentação mais equilibrada, respeitando os padrões locais de consumo.

Um terço de crianças mal nutridas

O representante da UNICEF na Guiné-Bissau revelou que na Guiné-Bissau um terço das crianças sofre de má nutrição crónica. “Estamos a desenvolver programas para combater o problema e este mês vamos desencadear ações de desparasitação e de fomento do consumo de vitamina A”, disse.

Geoff Wiffin revelou igualmente que, entre 25 e 29 de Novembro, vai ser lançada uma campanha nacional contra a poliomielite e disse estarem em curso iniciativas, em conjunto com a União Europeia, para melhorar o acesso das populações a água potável e saneamento.

Autor: Nélio dos Santos / Pedro Varanda de Castro

Edição: António Rocha