Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em ascensão em Angola
23 de junho de 2014No início de junho decorreu o CIO Summit & Expo Angola 2014, em Luanda; um congresso que reuniu mais de 140 decisores ligados às TIC em Angola.
Os investimentos nas Tecnologias de Informação e Comunicação em Angola estão a "florescer" a um ritmo animador, segundo os peritos. Existem alguns obstáculos, como a falta de infraestruturas ou pessoal qualificado, mas isso não parece desmotivar os grandes investidores, e muito menos as pessoas com visão.
Pelo menos é esta a experiência de Martin Boese. O jovem empresário alemão é um dos fundadores da ITA [Internet Technologies Angola], uma empresa de direito angolano, sediada em Luanda. A empresa foi fundada em 2004 e, dez anos depois, continua a crescer a um ritmo mais que sustentável.
De acordo com Boese, a sua empresa tem muita concorrência: "Nós não somos os únicos a fazer isto. Estamos na área empresarial, só trabalhamos com firmas, mas sentimos a concorrência."
Ainda de acordo com o empresário, apesar da concorrência, a empresa consegue manter-se muito bem: "Crescemos continuamente desde a fundação. Mais de 10% anualmente.”
Investimentos
Dez por cento é também a previsão de crescimento para Angola nas TIC, Tecnologias de Informação e Comunicação. Gabriel Coimbra, Diretor Geral da IDC Portugal, fala em números: “Fizemos a previsão de 2013 a 2017 e a nossa previsão é de que o mercado cresça cerca de 10% ao ano.”
A IDC dedica-se a serviços de consultoria e organização de eventos para os mercados das Tecnologias de Informação, Telecomunicações e Eletrónica de Consumo.
Segundo a IDC, em finais de 2013, o mercado das TIC, em Angola, teria valido cerca de 635 milhões de euros. Um valor que se refere ao investimento das empresas públicas angolanas em tecnologias de informação.
Um valor relativamente baixo, mas o crescimento tem sido muito dinâmico, completa Gabriel Coimbra, lembrando que nos últimos 5 a 7 anos se verificam volumosos investimentos por parte dos principais setores.
Os setores financeiro, da energia e da administração pública, investem essencialmente de forma a criar as suas próprias infra-estruturas tecnológicas. Em 2013 as empresas públicas investiram cerca de 635 milhões de euros nas tecnologias da informação, segundo a IDC.
É, portanto, um mercado que cresce muito rápido. Por isso o retorno é aliciante para os investidores. Falando de desafios, Gabriel Coimbra diz : “O principal desafio são os recursos humanos e as infraestruturas até mesmo as básicas como energia e água.”
Limitações
Apesar da experiência amplamente positiva de Martin Boese, fundador da ITA, o empresário alemão, também aponta algumas limitações para quem quer investir na área das TIC e não tem uma grande rede de contactos.
Segundo Martin Boese "não há estruturas para telecomunicações." O empresário explica: " Como provedores de serviços de internet, temos de ligar os clientes à internet. O que significa que precisamos de ter um cabo para os clientes, que na Alemanha estão por debaixo das ruas. Aqui não há. Por isso, como os clientes não podem fazer isso por eles próprios, e porque é muito complicado, nós também fazemos isso."
E não é apenas isso que a empresa faz: ela também constrói redes de rádio, mas neste processo nem tudo é tranquilo, conta Boese: "E para isso preciso uma licença da INACOM [Instituto Angolano das Comunicações], e isso é muito complicado quando se é novo no mercado.”
No entanto, o mercado Angolano parece ser muito atrativo e Gabriel Coimbra, Diretor Geral da IDC [International Data Corporation] Portugal, resume: “É um mercado que vale a pena explorar.”