São Tomé: Novo chefe das Forças Armadas promete reformas
5 de dezembro de 2022João Cravid foi empossado esta segunda-feira (05.12) como novo chefe de Estado-Maior das Forças Armadas de São Tomé e Príncipe. É o quinto brigadeiro em dez anos, desde a criação desta estrutura.
"Eu assumo esta função com sentimento de responsabilidade e de missão. Eu estou pronto para contribuir para que as nossas Forças Armadas possam ganhar outra dimensão", afirmou João Cravid durante a cerimónia de tomada de posse.
O antigo chefe da Casa Militar do Presidente da República substitui no cargo Olinto Paquete, que se demitiu na sequência do ataque ao quartel militar a 25 de novembro, e depois de alegações de tortura e agressão aos detidos, que negou inicialmente.
O novo brigadeiro João Cravid promete mudanças nas Forças Armadas.
"Tendo em conta aquilo que aconteceu no dia 25 de novembro, está em curso a investigação e vamos aguardar os resultados da investigação. Haverá reformas, mas eu não quero aqui adiantar em relação ao assunto, porque tudo está ainda sob investigação."
Apelos a inquérito independente
Danilo Santos, vice-presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), salienta que o empossamento do novo brigadeiro não encerra o caso de 25 de novembro: "Repetimos de forma persistente a necessidade de uma investigação independente, para que a verdade, de facto, venha à superfície", frisou o político.
"Voltamos a afirmar que toda a chefia militar envolvida neste caso [deve ser] passada à disponibilidade e entregue aos tribunais civis, tal como todos os civis envolvidos no caso devem ser exemplarmente sancionados, para que não se volte a repetir."
Delfim Neves, antigo Presidente da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe, constituído arguido no processo da alegada tentativa de golpe de Estado a 25 de novembro, saudou o pedido de demissão do ex-chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, Olinto Paquete.
Mas entende que o brigadeiro não deveria ter sido o único a sair. Delfim Neves espera que "a inspeção militar, se não tiver capacidade material e instrumentos apropriados para investigar, peça ajuda a uma outra instituição nacional ou estrangeira para investigar até à exaustão".
A comunidade internacional também quer compreender melhor o que se passou a 25 de novembro. Prevê-se nos próximos dias a chegada ao país de peritos em direitos humanos das Nações Unidas.
No terreno, agentes da Polícia Judiciária portuguesa estão a ajudar a investigar o caso. A Comunidade Económica de Estados da África Central (CEEAC) também se manifestou disponível para apoiar na investigação.