São Tomé e Príncipe celebra 16 anos de cooperação com Taiwan
6 de maio de 2013
Agricultores da comunidade de Obô Morro, no distrito de Lobata, em São Tomé e Príncipe, beneficiam desde 2012 de um projeto de apoio a segurança alimentar. O projeto, orçado em 3 milhões de dólares, é financiado pela cooperação Taiwanesa. Jaime Menezes é um dos 100 agricultores beneficiados.
"O ministro da agricultura deu-nos o título do terreno para nós cultivarmos a terra, tivemos o apoio da equipa técnica taiwanesa, materiais de cultivo, milho e insecticidas", explica o agricultor, acrescentando que, "na base do projeto de segurança alimentar" foram "contemplados com o secador e um armazém".
Este é apenas um dos muitos projetos no sector agrícola que contam com apoio financeiro, material e técnico de Taiwan. A introdução de novas culturas alimentares, reabilitação de casas para agricultores, canalização de água para comunidades agrícolas e o apoio ao melhoramento da produção animal são outros exemplos.
Investimento sobressai na área da Saúde
Ao todo, são cerca de cerca de 8 milhões de dólares em projetos, o que faz da ilha Formosa o maior investidor no setor. "Para nós é extremamente importante, porque no nosso programa de investimento público no setor da agricultura, Taiwan entra com 36,5%", revela Arnaldo Pontes, o diretor do planeamento agrícola e pesca. "Tem um peso muito significativo", explica, adiantando que "em relação a este ano, além desses dois projetos que estão em curso, eles vão financiar um conjunto de projetos e programas a nível do investimento público. São cerca de 9 projetos".
Um dos maiores contributos taiwaneses para São Tomé e Príncipe dá-se no sector da Saúde. O apoio taiwanês foi fundamental para a redução do número de casos de paludismo registados no país. Em entrevista à DW África, Arlindo Carvalho, diretor do Centro Nacional de Endemias, explicou que "Taiwan tem sido um parceiro sempre presente na luta contra o paludismo".
"Desde 2004, nos primeiros 3 anos, eles assumiram praticamente o financiamento da pulverização inter-domiciliária, uma das estratégias", afirma Arlindo Carvalho, frisando que, antes de começar a acção, havia "cerca de 50, 60 mil casos". "Três anos depois, tínhamos 3 mil".
"Quando, por algum motivo, não se consegue manter o ritmo, em termos de cumprir a calendarização, Taiwan aparece quase sempre financiando", conclui.
Benefícios aumentaram ao longo de 16 anos
Esta segunda-feira (6.05), São Tomé e Príncipe e a República da China Taiwan celebram 16 anos de cooperação. Foi a 6 de Maio de 1997 que se fez o anúncio oficial que marcava o início das relações com Taiwan e o rompimento das relações com a China. O sociólogo Olívio Diogo considera que esta é uma relação que se tem transformado ao longo dos anos, para benefício de São Tomé e Príncipe.
"Transformou-se à medida que a cooperação se foi desenvolvendo. Diria mesmo que Taiwan passou a ser um eixo estratégico no desenvolvimento de São Tomé", explica. O especialista diz ainda que "se há algum eixo em que Taiwan não está a ajudar o país, é porque não foi bem definido", uma vez que "todas as solicitações que São Tomé faz a Taiwan têm sido respondidas de forma positiva".
Em 16 anos foram investidos mais de 130 milhões de dólares desbloqueados anualmente. Saúde, energia, infraestruturas, educação, administração pública e agricultura são as principais áreas de cooperação. Alguns dos projetos incluem acções como a construção de uma central térmica, reabilitação do banco de urgência e bolsas de estudos em Taiwan para estudantes são-tomenses. Ao longo desses anos, São Tomé e Príncipe tem manifestado internacionalmente o reconhecimento de Taiwan como país independente.