Dezenas de pacientes sul-africanos morreram nas mãos de ONGs
6 de fevereiro de 2017As autoridades governamentais sul-africanas e os familiares das vítimas exigem esclarecimentos e a punição dos responsáveis pela morte dos 94 pacientes. Segundo o provedor da saúde, Malegapuru Makgoba, que investigou as mortes, muitas delas podiam ter sido evitadas.
Makgoba diz que "foi uma mistura de negligência, decisões e ações precipitadas, às quais acrescem as condições apavoradoras nalgumas das ONGs" e ele finaliza dizendo que "tudo isto resultou em mortes excessivas e desnecessárias nalguns casos."
Familiares das vítimas que por várias vezes chamaram a atenção do departamento de saúde para as condições terríveis em que viviam os pacientes, exigem a detenção dos responsáveis. Lucan Mogerane, que perdeu o irmão de 56 anos, diz que ele não estava a ser tratado como um ser humano: "Não lhe davam comida, estava muito fraco. Perdeu muito peso, de modo que eu via que havia ali um problema".
Falta de organização das autoridades?
A suspeita deste cidadão foi confirmada por Cassey Chambers do Grupo Sul-Africano de Depressão e Ansiedade, que aconselhou o Governo a não proceder à redistribuição dos pacientes, sem conseguir obter satisfação.
"É muito preocupante. Não se fizeram planos, as ONGs não foram devidamente avaliadas. Todos os dias havia novos números. A avaliação dos pacientes estava sempre a mudar. Foi a total falta de organização", relata Chambers.
As autoridades de Gauteng prometem investigar e punir duramente os responsáveis. Mas algumas das ONGs visadas rejeitam a responsabilidade pelas mortes e colocam as culpas no Governo da província. Michael Sechoka é o administrador do Centro de Takalani para os deficientes mentais, onde morreram mais de uma dúzia de pacientes e aponta o dedo acusador as autoridades de saúde: "os pacientes foram-nos entregues sem os relatórios médicos completos".
Neste momento os sul-africanos estão pouco dispostos a ouvir desculpas e explicações, e insistem na intervenção da justiça. O provedor da saúde deu à província 45 dias para transferir os restantes pacientes para locais seguros. Os familiares dos sobreviventes dizem esperar que a medida seja prontamente aplicada, para evitar que se percam mais vidas.