Auditoria interna da Sonangol desconsidera Isabel dos Santos
22 de dezembro de 2017A petrolífera angolana Sonangol, liderada desde novembro por Carlos Saturnino, negou, esta sexta-feira (22.12), a criação de uma comissão de inquérito para investigar a administração da empresária e filha do ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos – exonerada recentemente pelo Presidente João Lourenço.
Segundo a estatal, uma auditoria está a ser realizada no momento, mas para avaliar a situação atual da empresa.
"A Sonangol tem um novo Conselho de Administração e, ao abrigo do que acontece em situações análogas, está em curso uma auditoria normal com o propósito de aferir a situação atual da empresa", refere a petrolífera num comunicado ao qual a agência de notícias Lusa teve acesso.
O comunicado acrescenta ainda que todos os processos, no âmbito da ação da atual administração, "são canalizados para os fóruns próprios".
O anúncio da empresa vem na sequência de uma série de notícias que circularam na imprensa angolana e internacional, segundo as quais a Sonangol teria confirmado a instalação de uma comissão de inquérito para investigar a administração passada.
Denúncias de corrupção
Ainda segundo estas notícias, pouco antes de Isabel dos Santos ser exonerada, elevadas quantias de dinheiro terão sido desviadas da Sonangol, facto que terá sido denunciado à Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola.
Entretanto, a empresária logo desmentiu a informação através de um comunicado. "Contactada, a PGR confirma que não foi apresentada qualquer queixa-crime naquela instância, e que não estão em curso procedimentos legais de qualquer tipo em relação à Isabel dos Santos".
A filha de José Eduardo dos Santos, desde a sua exoneração da Sonangol, tem sido alvo de diversas notícias sobre supostas irregularidades nos 17 em que esteve à frente da petrolífera.
"Despedimentos em massa"
Entretanto, Isabel dos Santos recentemente, num outro comunicado divulgado nas redes sociais, acusou a administração de Carlos Saturnino de "despedimentos em massa", nomeadamente de colaboradores que lhe foram próximos.
"Estão a ocorrer despedimentos em massa! Os assessores, os diretores, e todos colaboradores que foram promovidos ou que entraram para a Sonangol durante a vigência do último conselho de administração estão a ser todos despedidos, ou enviados para casa", afirmou a empresária nas suas redes sociais.
Além disso, denunciou também que estão a ser "conduzidos interrogatórios à porta fechada, com gravadores em cima da mesa, alegando um falso inquérito do Estado e um falso inquérito do Ministério do Interior, intimidando as pessoas para coercivamente responderem às questões", medidas que, segundo ela, só poderiam ser adotadas pelas autoridades policiais ou judiciais.
Sobre estas acusações, a Sonangol não se pronunciou.