"Sissoco tem de trabalhar para seguir modelo de Kagame"
17 de abril de 2023A Guiné-Bissau e o Ruanda assinaram, esta segunda-feira (17.04), na capital guineense, um acordo de supressão de vistos entre os dois países, no âmbito da visita do chefe de Estado ruandês, Paul Kagame.
Foi a primeira vez que Kagame esteve na Guiné-Bissau, e o homólogo Umaro Sissoco Embaló condecorou-o com a mais alta distinção da República, a Medalha Amílcar Cabral.
Numa declaração no Palácio presidencial, em Bissau, Sissoco Embaló disse que a parceria ente os dois Estados é para continuar.
"Nós contamos muito com essa troca de experiências entre o Ruanda e a Guiné-Bissau, e penso que vamos continuar. Isso é um passo importante e marcante dessa visita à Guiné-Bissau do Presidente ruandês, que é a primeira", afirmou o chefe de Estado guineense.
O acordo de supressão de vistos segue-se a um outro, assinado no ano passado, nas áreas da educação, turismo e comércio, aquando da visita do chefe de Estado guineense àquele país da África centro-oriental.
O "trabalho de casa"
O chefe de Estado ruandês elogiou o homólogo guineense, que é também presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), pelos seus "esforços" para a estabilização da sub-região. E disse que quer estreitar ainda mais os laços com a Guiné-Bissau.
"Tive uma discussão produtiva com o senhor Presidente [Umaro Sissoco Embaló], para que a Guiné-Bissau e o Ruanda possam construir uma fundação sólida, para o desenvolvimento dos dois países. Devemos continuar a lutar, para construirmos o que nos interessa mais".
À DW África, William Gomes Ferreira, especialista em políticas públicas, indica que a educação é a área em que a Guiné-Bissau pode tirar maior proveito na relação com o Ruanda.
"O Ruanda é, hoje, uma referência em termos de educação, não só no continente africano, mas também no mundo. O país tornou-se um pólo tecnológico global, e isso faz-se com educação e com as escolas muito bem estruturadas".
Mas William Gomes Ferreira afirma que o eventual benefício da parte guineense "vai depender da compreensão que os nossos diplomatas e governantes tiverem sobre as potencialidades do Ruanda", como país.
"Se o Presidente Sissoco quer seguir o modelo de Kagame, primeiro precisa de fazer um trabalho de casa. E o que me parece, no momento, é que esse trabalho de casa ainda está por fazer", ressalva.