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Serra Leoa realiza eleições gerais

Bertolaso-Krippahl, Cristina16 de novembro de 2012

No sábado (17.11) realizam-se eleições gerais na Serra Leoa. É a terceira vez que os habitantes daquele país vão eleger um novo parlamento e um Presidente desde o fim de uma sangrenta guerra civil em 2001.

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Num sábado de novembro, Freetown, a capital, é uma cidade verde, pelo menos durante um dia. Milhares de apoiantes do partido da oposição Partido do Povo da Serra Leoa (SLPP - sigla em inglês) saíram às ruas envergando camisas verdes e com as caras pintadas da mesma cor. Alguns manifestantes empunhavam palmeiras, o símbolo do partido.

Uma mulher ouvida pela DW África explica porque votam no SLPP: "Queremos que o SLPP controle a economia. Um saco de arroz deve voltar a custar 60 mil leones, tal como antigamente"

Outros ainda querem beneficiar das riquezas do país: "Este país tem muitos recursos naturais, mas eu, por exemplo, não tenho nada". Os jovens, por seu lado, querem trabalho: "Tantos jovens deste país não têm trabalho".

Nas instalações do SLPP, o secretário geral, Sulaiman Banja Tejan-Sie, prepara o comício que está prestes a começar.

Oposição pega num ponto fraco dos jovens

Tejan-Sie, está sentado na sua secretária, por baixo de dois cartazes da campanha eleitoral do Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, que proclamam "Yes, we can!".

O político Sulaiman Banja Tejan-Sie, até há pouco era um advogado norte-americano. A sua mensagem é parecida: o SLPP, diz, sabe fazer melhor do que o Presidente cessante, Ernest Bai Koroma.

Tejan-Sie considera que o Presidente deu prioridade ao desenvolvimento das infraestruturas numa altura em que se devia ter concentrado no desemprego jovem.

Por isso o candidato quer oferecer uma nova direcção aos eleitores e promete que o seu partido "dará prioridade absoluta à criação de trabalho para os jovens, e que colocará a tónica na educação, saúde e serviços sociais".

Trabalho de Koroma apreciado por muitos
Numa das artérias principais do centro da capital, comerciantes ocupam cada centímetro quadrado do passeio.

Não há nada que não vendam: fruta, lâmpadas, sabonete e rádios. Aqui predomina o vermelho, a cor do partido do Presidente Koroma, Congresso do Povo (ACP - sigla em inglês)

Os seus apoiantes estão contentes com o trabalho feito por Koroma: "Temos luz e boas estradas. Ele esforça-se muito pelo bem do país e gostamos dele".

Outro apoiante ouvido pela DW África vai pelo mesmo diapasão: "O governo lançou muitos projetos de desenvolvimento em todo o país".

Até os adversários do Presidente louvam-no quando falam da construção de estradas. O seu programa, de nome "Agenda para a Mudança", trouxe algum progresso ao país.

Centenas de estradas foram reparadas ou construídas de novo e uma nova central de energia hídrica melhorou o fornecimento de electricidade.

E os investidores estrangeiros chegaram ao país à procura de recursos naturais, como diamantes, madeira e bauxite.

Mas nem tudo é um mar de rosas...

Entretanto, nem toda a população está a beneficiar do desenvolvimento. Quase 80% dos serra-leonenses continuam a viver abaixo do limiar da pobreza.

Não obstante, o Governo defende as prioridades. Cornelius Derveaux, director do órgão do partido do Presidente, diz: "Em nenhum lugar do mundo os governos criam emprego. O setor privado é que cria emprego. Nós estamos a criar condições propícias ao setor privado para atrair investidores estrangeiros".

Nas ruas de Freetown a maioria das pessoas diz que a corrida entre o Presidente Koroma e o seu princial concorrente do SLPP, está em aberto. Tudo pode acontecer.

Mas tendo em conta o desemprego, a pobreza e a elevada taxa de analfabetismo, quem quer que ganhe tem uma tarefa difícil pela frente.

Apesar de tudo, há algumas boas novas. Este ano, a Serra Leoa foi um dos países africanos que registou melhorias em termos de boa governação, de acordo com o Índice Ibrahim de Governação Africana 2012, divulgado em outubro passado.


Autor: Daniel Pelz /Cristina Krippahl
Edição: Nádia Issufo/António Rocha