Semana da moda de Kinshasa

Estilistas congoleses apostaram em cores fortes e extravagantes. Há muito que o mundo da moda agita a capital da República Democrática do Congo, mas agora, finalmente, a Kinshasa Fashion Week começou a ganhar destaque internacional. As criações de Kadi Kabala são uma homenagem à feminilidade.

O designer de moda Tambwe za Kazadi de Sikasso, natural da província de Katanga, na RDC, inspirou-se noutros países africanos. Mais propriamente no estilo e tradição do povo Bambara, do sudeste do Mali, e na etnia Massai, que vive principalmente no Quénia e na Tanzânia.

Sikasso vive e trabalha em Lubumbashi, capital da província de Katanga, na RDC. Uma região rica em cobre, onde, muitas vezes, a disputa pelo recurso natural termina no derramamento de sangue.

O estilista José Esam é mais conhecido na Europa que em África. Vive em Paris, onde faz peças de roupa de alta-costura para homens e mulheres. Esta foi a primeira vez que mostrou suas criações na sua terra natal, o Congo.

As criações de José Esam são bastante liberais. "O meu estilo é sofisticado e refinado, pensado para a mulher ativa e para todas as ocasiões", diz o estilista. Esam também desenha acessórios e chapéus.

Betu Tshongo, ou "Kumeso", apostou na simplicidade e criou roupas que mais lembram coleções Gucci e Prada, em vez da moda africana, rica em cores. A marca também cria bolsas e sapatos.

Coloridos e berrantes são os modelos do estilista Straton Nondo, que usa tecidos confortáveis e estampas africanas. Ele une tradição e "looks" modernos para chamar a atenção. Algumas criações de Nondo parecem inspirar-se num movimento de moda que, entretanto, tem seguidores em diversos países africanos.

Estes fatos lembram os "sapeurs", os dandies congoleses, seguidores do estilo da "Sociedade de Pessoas Elegantes do Congo". Tratam-se de operários que, no tempo livre, se vestem com roupas coloridas e finas. Muitos abdicam de boa comida para ter boa roupa.

Um "sapeur" marcou presença na Kinshasa Fashion Week. O Papa Griffe é um dos representantes mais deslumbrantes do movimento. E desta vez, ele não vestiu um fato dandy mas desfilou na passarela enrolado em papel. Estaria ele a apelar para a consciência ambiental dos congoleses? Ou seria esta uma crítica ao luxo do mundo da moda?