Sahel: Líderes militares reúnem-se no Níger
6 de julho de 2024O Níger recebe neste sábado (06.07) os líderes militares do Mali, Burkina Faso e Níger, na primeira reunião do género desde que os golpes militares nos três países depuseram os governos liderados por civis.
A reunião realiza-se na véspera da cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) na Nigéria.
As três juntas abandonaram o bloco em janeiro, acusando-o de ser manipulado pela antiga potência colonial, a França. Também se afastaram dos aliados ocidentais, favorecendo parcerias com a Rússia e o Irão.
O que está na agenda da cimeira?
As declarações na rádio pública do Burkina Faso no início da semana afirmaram que as conversações deste sábado seriam a primeira reunião da Aliança dos Estados do Sahel (AES), criada em setembro do ano passado.
O líder da Junta do Níger, Abdourahamane Tiani, recebeu Ibrahim Traore do Burkina Faso na sexta-feira. Assimi Goita, do Mali, estava previsto chegar hoje.
A presidência burquinense afirmou que "a luta contra o terrorismo" e a "consolidação da cooperação" estarão na agenda da cimeira, tendo em conta a ameaça terrorista enfrentada pelos três países.
O trio abandonou a Força Conjunta do G5 Sahel, criada para combater os grupos islamistas na região do Sahel, em dezembro.
A região é alvo do terrorismo desde 2014, o que desencadeou uma crise humanitária, deixando mais de 24 milhões de pessoas a necessitar de assistência.
Onda de golpes de Estado
O Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, foi deposto em julho de 2023 e a junta militar afirmou que seriam necessários três anos para o país regressar ao poder civil.
No caso do Mali, o regime civil vigorou pela última vez antes do primeiro de dois golpes de Estado, em agosto de 2020.
Já no Burkina Faso, o Governo eleito foi destituído em 2022. O país não foi sujeito a sanções e o seu atual governante, o capitão Ibrahim Traore, permitiu a realização de eleições este verão.
EUA retiram tropas da base no Níger
Entretanto, os EUA vão retirar este fim de semana todas as forças e equipamento de uma pequena base no Níger, enquanto os menos de 500 militares que restam vão deixar uma importante base de drones em agosto, antes do prazo limite de 15 de setembro.
A base de drones tem sido um elemento importante das operações relacionadas com as missões antiterroristas no Sahel, visando grupos ligados à Al-Qaeda e ao chamado Estado Islâmico.
A junta no poder do Níger rompeu o acordo de cooperação militar com os Estados Unidos em março e tem vindo a estreitar os laços com a Rússia.