STP: ADI reunido para reeleger Trovoada na liderança
9 de abril de 2022O ex-primeiro-ministro são-tomense Patrice Trovoada deve ser reeleito este sábado (09.04) no cargo de presidente da Ação Democrática Independente (ADI), no nono congresso do partido, com cerca de 900 delegados, e quer "sinal claro" das populações para formar um governo reformista.
O nono congresso eletivo da ADI (oposição) terá lugar no Palácio dos Congressos, prevendo-se, além do ato eleitoral, a aprovação dos novos estatutos do partido e mensagens das estruturas distritais, regional e da ala feminina e juvenil da formação política.
"Este congresso não é para ir à procura de um novo líder, mas sim para legalizar o líder do ADI que ganhou nas últimas eleições [em 2020] e em todas as eleições. Neste contexto, não há razões para se especular que devia haver mais ou menos candidatos", comentou o analista político e presidente da Universidade Lusíada de São Tomé, Liberato Moniz.
Em 2020, Patrice Trovoada foi reeleito líder da ADI, mas o Tribunal Constitucional (TC) não reconheceu a eleição, tendo considerado que houve "manifesta irregularidade estatutária" no congresso, uma vez que "a eleição foi por uma súbita erupção de braço no ar e uma massiva aclamação", contrariando os estatutos do partido registados no TC, que "consagra a modalidade de escrutínio secreto para eleições dos órgãos".
Trovada deve voltar a São Tomé e Príncipe este ano
Na sexta-feira, a porta-voz da comissão organizadora do congresso, Alda Ramos, disse à agência de notícias Lusa que "a candidatura estava aberta para todos, mas as pessoas depositam toda essa confiança ao doutor Patrice Emery Trovoada, tendo em conta que é o líder que já deu prova durante a sua governação [..], que foi de agrado da maioria desta população".
Segundo a mesma fonte, Patrice Trovoada, ausente do país desde 2018, não estará no congresso, mas "deverá estar [no país] ainda este ano, tendo em conta que ele é o candidato a primeiro-ministro".
"Isso traduz uma certa perseguição que há em São Tomé e Príncipe que, mesmo não sendo verdadeiro, com essas ações nós temos conjunturalmente que pensar que é verdadeiro [..] os políticos, a justiça, tem que funcionar para normalizar de uma vez por toda esse país, porque isso parece uma pandemia que prejudica grotescamente a nossa democracia", considerou Liberato Moniz.
A porta-voz da comissão organizadora do congresso da ADI referiu que "até agora não há opinião contrária" entre os militantes da ADI quanto à ausência de Patrice Trovada em São Tomé e Príncipe desde que deixou de ser primeiro-ministro.
"Todos os militantes acolhem muito bem esta candidatura [...] não temos outra hipótese, é um líder que já deu prova, não é só no seio da ADI que tem esse entendimento. Ao nível da população em geral, 95% da população quer o doutor Patrice Trovoada na governação, inclusive os nossos adversários têm a plena consciência" disso, acrescentou Alda Ramos.
Líder quer "sinal claro das populações"
Em mensagens transmitidas através das redes sociais do partido, atualmente na oposição, o antigo primeiro-ministro são-tomense (2008, 2010-2012 e 2014-2018) tem reclamado uma "maioria absoluta reforçada" nas próximas legislativas, com um mínimo de 33 dos 55 deputados na Assembleia Nacional que conquistou em 2014.
"Eu só aceito um cargo [de primeiro-ministro] se tiver os meios para minimamente realizar o trabalho. Preciso de um sinal claro também das populações porque estamos a falar de termos um governo reformista e um governo reformista precisa de facto de uma base de sustentação larga", sublinhou, em entrevista à agência Lusa em Lisboa.
O atual presidente da ADI acredita que é possível alcançar os 33 eleitos. "O descontentamento, a indignação, a revolta social em 2014 não atingiam os níveis que temos hoje. É preciso apresentar também uma proposta que seja até melhor e mais convincente que aquela que nós apresentámos em 2014 porque estivemos quatro anos no poder e também sofremos desgaste, prova disso é que nós não conseguimos atingir a maioria absoluta em 2018", comentou.
A ADI venceu as eleições legislativas de 2018 com maioria simples de 25 dos 55 assentos parlamentares, mas não conseguiu formar Governo, dando lugar à "nova maioria" formada pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), com 23 deputados, e a coligação PCD-MDFM-UDD, com cinco deputados.
As eleições legislativas, autárquicas, e regional na ilha do Príncipe foram marcadas pelo Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, para 25 de setembro.