Rezar, sim, mas sem incomodar
30 de abril de 2018A chamada para oração é escutada várias vezes ao dia na zona central de Acra, no Gana - algo comum em comunidades onde vivem muçulmanos. Mas o Governo acusa igrejas e mesquitas de produzirem barulho excessivo. Em causa estão os altifalantes que contribuem para a poluição sonora que afeta várias cidades africanas.
O ministro encarregado do Ambiente, Frimpong Boateng, está a pedir às mesquitas que chamem as pessoas para as orações através de mensagens de texto ou aplicações como o WhatsApp.
"Porque é que a mesquita não pode fazer a chamada para a oração por mensagem ou WhatsApp? O imã mandava uma mensagem como 'Olá, está na hora de rezar, aparece!'. Eu acho que isso iria ajudar a reduzir o barulho", sugere Boateng.
O ministro admite que a ideia pode ser controversa, mas acha que essa via devia ser considerada e assim garantir às cidades um ambiente mais tranquilo.
Religiosos e população discordam
Sheik Usan Ahmed é imã na mesquita local de Fadama, onde se faz várias chamadas à oração por dia. Concorda que o nível de ruído devia ser reduzido. Mas para ele, fazê-lo por mensagem não é opção.
"Os imãs não são pagos, onde iriam buscar o dinheiro para fazer isso? Não é possível, não acho que temos de fazer isso. Tentamos fazer o que é possível", explica.
Entre os habitantes do Gana, a posição é clara em relação a este assunto. Estão do lado dos religiosos, e não vêm o barulho dos altifalantes como problemático. Outros dos argumentos é a falta de acesso generalizado às redes sociais e equipamentos de comunicação. Uma cidadã refere que a ideia é que a oração chegue o mais longe possível, algo que o WhatsApp não permite.
O Governo pretende mesmo pôr em prática leis que regulem grupos religiosos que causem muito ruído. Mas é incerto se estas reformas seriam aplicadas rapidamente pelas mesquitas. Esta iniciativa também deverá alargar-se às igrejas, que, tal como as mesquitas, usam megafones para a oração.