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Quénia: Nove mortos na violência pós-eleitoral

Lusa | Reuters | AFP | AP | mjp
28 de outubro de 2017

Um jovem foi morto a tiro pela polícia na noite de sexta-feira em Baía de Homa, no oeste do Quénia, elevando para nove o número de mortos desde as eleições de quinta-feira.

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Kenia Wahl - Ausschreitungen in Kisumu
Foto: Reuters/B. Ratner

Nos redutos da oposição queniana - as favelas da capital e o oeste do país - a violência estourou novamente na noite de sexta-feira (27.10).

Um jovem foi morto a tiro durante a intervenção da polícia em Baía de Homa, no oeste do Quénia, depois de um grupo de jovens atacar a residência de um responsável da campanha do Presidente cessante Uhuru Kenyatta, declarou à agência de notícias francesa AFP um responsável policial.

De acordo com um novo balanço, nove pessoas já foram mortas desde a última quinta-feira e, no total, registam-se pelo menos 49 mortos e centenas de feridos desde as eleições presidenciais de 8 de agosto. 

A maior parte das mortes está relacionada com a brutal repressão policial às manifestações.

Tensão mantém-se

No dia 16, as organizações de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch e Amnistia Internacional acusaram a polícia queniana da morte de 67 pessoas em protestos da oposição desde o anúncio dos resultados das eleições de agosto.

As autoridades policiais, por sua vez, defendem que a resposta aos protestos tem sido "proporcional”.

Kenia Kisumu Proteste
Em Kisumu, apoiantes de Raila Odinga queimaram pneus e bloquearam estradas.Foto: picture-alliance/dpa

Na sexta-feira, de acordo com a agência de notícias francesa AFP, a situação continuava confusa e tensa no Quénia. No dia anterior, nos bastiões do líder da oposição, Raila Odinga, os seus apoiantes bloquearam estradas e entraram em confronto com a polícia para impedir a votação nas presidenciais.

Raila Odinga, que lidera uma coligação de partidos e movimentos da oposição, boicotou a repetição das eleições face à ausência de reformas na Comissão Eleitoral, que responsabiliza pelas irregularidades nas presidenciais de 8 de agosto, anuladas pelo Supremo Tribunal de Justiça queniano a 1 de setembro.

Cerca de 19,6 milhões de quenianos foram chamados a votar na quinta-feira, mas a adesão foi reduzida, em contraste com a agitação das eleições de 8 de agosto, posteriormente anuladas pela justiça por "irregularidades".

Votação adiada

As eleições em quatro municípios do oeste do Quénia - Baía de Homa, Kisumu, Migori e Siaya, cidades bastião da oposição - que não se realizaram na quinta-feira, devido à violência registada na região, foram adiadas indefinidamente pela Comissão Eleitoral.

Muitos quenianos que boicotaram a repetição das eleições presidenciais estão satisfeitos com o adiamento. "Estou feliz, porque precisamos de paz, estamos cansados de ser mortos brutalmente pela polícia”, disse Henry Kahango, residente em Kisumu, à agência Reuters.

Kenia Wahlwiederholung Ausschreitungen
Agentes da polícia patrulham as ruas de Kibera, em Nairobi, palco de confrontos violentos na quinta-feira.Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Bandic

A decisão de adiar as eleições poderá evitar novos confrontos, mas levanta uma nova questão: pode o Presidente Uhuru Kenyatta ser declarado vencedor de umas eleições que não se realizaram em 20 dos 290 círculos eleitorais do Quénia?

Kenyatta conquistou 97% dos votos contados até agora, segundo os média locais. Mas com uma participação abaixo dos 35% e um país profundamente dividido, as esperanças num mandato decisivo para liderar a economia mais rica de África caíram por terra.

Saga eleitoral divide o país

Menos de 24 horas após a votação de quinta-feira, um ativista apresentou uma queixa para anular a eleição, que a oposição classifica como uma fraude.

Os dois principais partidos e a Comissão Eleitoral não têm comunicações previstas para este sábado, deixando o país em suspenso quanto aos próximos passos, enquanto a contagem dos votos continua a decorrer.

Caso a contestação legal não abra caminho para sair da crise, prevê-se já a continuação do impasse entres os campos de Kenyatta e Odinga.

Para além de polarizar o país, a saga eleitoral está a abrandar o crescimento daquela que é uma das economias mais vibrantes de África, um foco do comércio regional e um poderoso aliado de segurança de várias nações africanas.

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