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Quénia aposta na agricultura sustentável

Bertolaso-Krippahl, Cristina21 de maio de 2013

O propósito do Governo queniano tem o apoio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO. Nos campos já se cultivam produtos biológicos.

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Restos de legumes, estrume de vaca, uma cultura de bactérias e terra - um grupo de agricultores quenianos aprende a compostar. O instrutor é membro do KARI, um instituto de pesquisa agrária no Quénia. O camponês Francis Waithaka Kabati segue as instruções com muita concentração.

"Antes da colaboração com o KARI tínhamos aqui muitos problemas. A nossa colheita nem sequer chegava para alimentar a família", lembra Waithaka Kabati. "A culpa era dos bichos daninhos, que atacavam o milho."

Com a ajuda de especialistas, foi possível vencer a praga. As colheitas passaram a ser melhores, as famílias alimentam-se bem e ainda ganham algum dinheiro.

Do ponto de vista dos camponeses, trata-se quase de um milagre. Por isso, eles estão agora abertos a aprender novos métodos de agricultura, em particular a agricultura biológica. Isto porque os animais daninhos foram erradicados sem químicos nem pesticidas, mas através de um método biológico, desenvolvido pelo agrónomo suíço, Hans Herren, que coopera com o instituto KARI. No entanto, o plano que Herren tem em mãos é bem mais vasto.

"O projeto chama-se 'Mudança de curso na agricultura' e baseia-se no relatório que compilámos sob a égide das Nações Unidas em 2008", conta o agrónomo. "Esse relatório está agora a ser posto progressivamente em prática. Ou seja, temos de escolher um novo curso sustentável para a agricultura."

À procura da autossuficiência

O Quénia é um dos três países que levam a cabo o projeto-piloto. Os outros dois são a vizinha Etiópia e o Senegal, no oeste do continente. Cientistas internacionais analisam nas três nações como pode funcionar a mudança para uma agricultura biológica. Porque também a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, em Roma, está convencida que os problemas de autossuficiência alimentar africanos não podem ser solucionados com o cultivo convencional e industrializado. Mas encontrar uma alternativa não é fácil, diz Hans Herren.

"Primeiro temos de compreender como funciona todo o sistema alimentar, da produção ao consumo, incluindo a exportação, como é o caso no Quénia", refere.

"O que aprendermos nestes três países mais tarde será transmitido a outras nações através do Comité de Segurança Alimentar Mundial da FAO, como exemplo de transformação numa agricultura sustentável."

O projeto ainda está na fase inicial. O grupo coordenador na capital, Nairobi, inclui representantes do Governo, da indústria alimentar e dos agricultores, para além de grupos da sociedade civil e organizações humanitárias.

Francis Waithaka Kabati não tem a menor dúvida de que este esforço todo vale a pena: é o que lhe diz a sua experiência como agricultor biológico.