Progressos africanos na luta contra o HIV/Sida
15 de julho de 2016Etiópia: Medicamentos para todos
A Etiópia é vista pelos pares africanos como um modelo na luta contra o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e contra a doença por ele provocada, a SIDA. Entre 2001 e 2011, o número de novas infeções naquele país do leste africano caiu 90%. Já o número de pessoas que morreu com a doença no mesmo período decresceu cerca de 50%.
A diminuição das taxas de mortalidade e de novas infeções deve-se sobretudo à introdução de tratamentos com medicamentos antirretrovirais nas políticas de saúde do país contra o HIV/SIDA.
Este tipo de fármacos previne a transmissão do vírus e impede a deterioração acelerada do sistema imunitário, permitindo ao infetado que tenha uma vida mais longa com a doença. Desde 2005, estas drogas passaram a estar disponíveis sem qualquer custo para os portadores do HIV/Sida. O projeto incluiu ainda a dispersão de equipas médicas por localidades remotas para se assegurarem da toma dos antirretrovirais. Hoje, cerca de 2.500 clínicas dão apoio médico a mulheres grávidas para prevenir a transmissão da doença de mãe para filho, algo que pode acontecer sobretudo durante o nascimento ou no processo de amamentação.
Por outro lado, a população está mais alerta para o problema: entre 2013 e 2014 mais de 9,6 milhões de etíopes fizeram o teste do HIV, o que representa uma em cada dez pessoas.
Quénia: Educação sexual e alerta para o HIV
Menos de 6% dos quenianos vive com o vírus da SIDA. Ou seja, cerca de 1,5 milhões de pessoas.
Em 2005, 28,3% das mães infetadas com o HIV transmitiram o vírus para os filhos. Cinco anos depois, essa taxa baixou para os 8,5%, sobretudo porque mais de 90% das futuras mães foram encaminhadas para testes de despistagem, o que permitiu a deteção de novos casos, a prescrição de medicamentos antirretrovirais que impedem a transmissão do vírus e a prevenção de novas infeções.
Por outro lado, em 2000 havia apenas três unidades hospitalares onde os quenianos podiam fazer o teste do HIV. Em 2010, o número de serviços com consulta e exames de despistagem aumentou para 4.000.
Outra das explicações para a quebra do número de novos casos - quase menos 50% do que há dez anos - foi, tal como na Etiópia, a introdução dos medicamentos antirretrovirais. Em 2003, apenas 6.000 pessoas tinham acesso a estes fármacos. Dez anos depois, mais de 600.000 quenianos faziam o tratamento.
O Quénia recomenda a circuncisão depois do nascimento como arma contra a disseminação do HIV. De acordo com os estudos científicos mais recentes, esse procedimento cirúrgico diminui em 40% o risco de infeção. Por último, o Quénia introduziu em 2003 disciplinas de educação sexual no currículo escolar, com enfoque nas doenças sexualmente transmissíveis.
Cerca de 70% do custo dos programas de combate ao HIV/SIDA no país provêem de doadores internacionais.
Burkina Faso: Fundo de apoio para os doentes
Na maioria dos países da África Ocidental, a percentagem de novos casos de HIV/SIDA é baixa quando comparada com a dos países do leste e do sul do continente. Em 2000, o Burkina Faso registou uma taxa de prevalência de HIV na ordem dos 6%, uma das mais altas na sub-região. De acordo com estimativas da ONUSIDA, desde então apenas 0,8% da população sofreu novas infeções, sobretudo devido ao empenho do país na luta contra a doença.
O Burkina Faso implementou o primeiro plano de ação em 1987. Com a ajuda de doadores internacionais, do setor privado e das comunidades locais, o Governo de Ouagadougou investiu somas avultadas na compra de medicamentos antirretrovirais, criou um fundo de apoio para doentes infetados e começou a treinar milhares de profissionais de saúde. Adicionalmente, o Executivo desenvolveu campanhas globais de alerta para a doença, distribuindo preservativos e instruindo a importância da sua utilização.
Uganda: Abstinência, fidelidade e preservativos
No Uganda, a epidemia de HIV/SIDA atingiu o seu pico em 1990. Cerca de 18% da população foi infetada pelo vírus. É nessa altura que o Governo do país, com a ajuda de agências internacionais, lança um programa educacional ambicioso intitulado "Abstinência, fidelidade e preservativos".
A campanha foi um sucesso. Em 2000, apenas 5% da população era HIV-positiva.
No entanto, o número de novas infeções voltou a aumentar nos últimos 10 anos. Estima-se que a taxa de infeção seja agora de 7%.
Duas das razões para este aumento da incidência do vírus são, na verdade, o uso generalizado de antirretrovirais e a prática de circuncisão: muitos ugandeses acreditam que a toma dos fármacos cura a doença por completo - o que é falso, apenas mantém a carga viral em níveis controlados diminuindo a possibilidade de transmissão - e que a circuncisão protege por completo contra o HIV. Como resultado, há cada vez mais homens a abandonar o uso do preservativo.