Putin reeleito: "A Rússia está condenada ao êxito"
19 de março de 2018O atual Presidente da Rússia, Vladimir Putin, obteve 76,67% dos votos nas eleições deste domingo (18.03), que contaram com uma participação de 67,4%, segundo os resultados oficiais.
De acordo com os últimos dados da Comissão Eleitoral Central, Putin obteve o apoio de 56,1 milhões de cidadãos, mais 10,5 milhões que na eleição de 2012, quando regressou ao Kremlin após um mandato de quatro anos como primeiro-ministro.
Vladimir Putin proclamou a sua vitória eleitoral durante uma celebração ao ar livre perto do Kremlin: "É o reconhecimento daquilo que fizemos nos últimos anos, em condições muito difíceis. Vejo confiança e esperança de que continuaremos a trabalhar com a mesma responsabilidade e eficácia. Aguarda-nos o êxito!".
Cerca de 110 milhões de cidadãos foram chamados a escolher o líder político do país nos próximos seis anos. O Presidente russo agradeceu a quem votou na sua candidatura, permitindo a reeleição para um quarto mandato, que deverá prolongar-se até 2024. "Precisamos desta unidade para avançar. Vamos pensar no futuro da nossa grande pátria", sublinhou.
"É o dia mais maravilhoso para todos os russos, para toda a humanidade. A nossa nação é o centro da paz no mundo e o nosso Presidente é o melhor do mundo", ouviu-se nas ruas de Moscovo. "Haverá estabilidade, sei o que traz o amanhã", disse outro eleitor na capital russa.
Denúncia de irregularidades
A oposição russa e a organização não-governamental (ONG) Golos denunciaram milhares de irregularidades durante as eleições, visando sobretudo aumentar a participação no escrutínio. A ONG especializada na vigilância das eleições diz ter recebido dezenas de queixas tais como mudanças de última hora nas listas eleitorais e trabalhadores obrigados a votar pelos patrões.
Também o principal opositor, Alexeï Navalny, afastado da eleição devido a uma condenação judiciária, acusou o Kremlin de insuflar a mobilização através de fraudes nas urnas e transporte em massa de eleitores.
Já o candidato comunista, Pavel Grudinin, que atrás de Vladimir Putin nas eleições, com 12,2%, fala num processo "injusto". "Infelizmente, Alexei Navalny estava certo e é possível votar duas ou três vezes. Vimos casos destes em Moscovo", lamentou.
Grupos da oposição planeiam uma manifestação para esta segunda-feira (19.0) na capital russa.
Nova Guerra Fria?
As eleições ocorreram num momento em que a Rússia é alvo de sanções britânicas, em reação ao envenenamento em Inglaterra do ex-agente duplo russo Serguei Skripal - um caso que parece confirmar o regresso de uma nova Guerra Fria desde que Putin voltou ao Kremlin, em 2012.
O conflito sírio, a acusação de ingerência nas presidenciais norte-americanas e a crise ucraniana, com a anexação da península da Crimeia, são cenários que têm justificado um crescente clima de tensão, com a adopção de duras sanções internacionais pela União Europeia (UE) e Estados Unidos.
Segundo a Comissão Central de Eleições, Putin obteve mais de 90% dos votos na Crimeia, onde os habitantes participaram este domingo, pela primeira vez, em eleições presidenciais russas.