Reino de eSwatini: Protestos deixam vários mortos e feridos
30 de junho de 2021Várias pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em novos confrontos entre a polícia e manifestantes no Reino de eSwatini, fizeram saber, esta quarta-feira (30.06), ativistas pró-democracia.
"Oito manifestantes foram mortos a tiro em Manzini, a cerca de 40 quilómetros da capital, Mbabane, disse o porta-voz da Rede de Solidariedade da Suazilânia, Lukcy Lukhele, citado pela agência France-Presse, acrescentando que 28 manifestantes foram atingidos por tiros.
O secretário-geral da Frente Democrática Unida da Suazilândia, Wandile Dludlu, que acusou o rei do eSwatini, Mswati III, de, na segunda-feira (28.09), ter "libertado soldados e polícias armados sobre civis desarmados", disse que 18 pessoas foram baleadas.
Nenhum destes números foi confirmado pela polícia.
Os protestos são raros no eSwatini, pequeno Estado na fronteira entre Moçambique e África do Sul que até há poucos anos tinha o nome de Suazilândia. Os partidos políticos estão proibidos, mas nas últimas semanas irromperam protestos violentos em partes do território contra aquela que é a última monarquia absoluta de África.
O Governo do eSwatini anunciou, na terça-feira (29.06), a imposição de um recolher obrigatório e o encerramento das escolas, invocando o combate à pandemia de Covid-19.
Segundo Dludlu, as duas principais cidades do país -- Manzini e Mbabane --, estão sob controlo militar, estando o acesso à internet também limitado.
Rei Mswati III "está no país"
O primeiro-ministro interino, Temba Masuku, que substituiu Ambrose Dlamini após a sua morte por covid-19 em dezembro, pediu "calma, contenção e paz", tendo prometido que o executivo irá, ao longo do dia, atualizar a nação "sobre as intervenções face à situação atual".
Masuku negou também os rumores de que o rei Mswati III tenha fugido, apontando que o chefe de Estado está "no país e continua a governar".
Na semana passada, o Governo proibiu manifestações e o comissário da polícia nacional, William Dlamini, alertou que os seus homens iram adotar uma política de "tolerância zero".
No poder desde 1986, Mswati III, que tem 14 mulheres e mais de 25 filhos, é alvo de críticas pelo seu punho de ferro e pelo seu estilo de vida luxuoso num país em que dois terços dos 1,3 milhões de habitantes vivem abaixo do limiar da pobreza.