Plantio de árvores ajuda a África contra mudanças climáticas
17 de janeiro de 2019Árvore a árvore se salva a Terra. Esse é o mote de Zoë Gauld, que trabalha na organização Greenpop e se descreve como uma "ambientalista otimista".
"O que fazemos é voltar a conectar as pessoas ao planeta”, diz.
Na África do Sul, as mudanças climáticas já se sentem no dia-a-dia.Há longos períodos de seca, fortes tempestades e as colheitas são más. A crónica falta de água na Cidade do Cabo tem sido notícia em jornais de todo o mundo. Justamente nesta cidade, nasceu há oito anos a Greenpop. Até agora, a organização já plantou 100.000 árvores.
"Plantamos as árvores e divertimo-nos ao mesmo tempo. Asseguramo-nos sempre que nas nossas atividades haja música e jogos para que as pessoas se possam conhecer. É muito mais do que suar, ficar sujo e cansado. É divertimento e isso nota-se em tudo o que fazemos”, conta Zoë Gauld.
Preservar para ganhar
Os doze funcionários da Greenpop dizem ser apaixonados pelo meio ambiente. Quando a organização foi criada, na Cidade do Cabo, a ideia era só plantar árvores em sítios onde outras tinham sido cortadas.
Mas, com o passar do tempo, o projeto cresceu e os ativistas começaram a plantar árvores na costa sul da África do Sul e, mais tarde, em Joanesburgo. Depressa a Greenpop se transformou numa empresa social, que já atua noutros três países: Malawi, Tanzânia e Zâmbia.
"Ao trabalhar num país como a Zâmbia, damo-nos conta que muitas questões do meio ambiente estão claramente ligadas a problemas sociais. As pessoas destroem as florestas para produzir carvão, para se aquecerem e para cozinhar. É óbvio que isso tem consequências nefastas para as florestas. Nós vamos lá e ensinamos às pessoas formas de preservar as florestas e ganhar dinheiro. E dizemos: Protejam as florestas e façam criação de abelhas. As abelhas dão-vos mais dinheiro do que o corte das árvores", relata Gauld.
Resultados combatem a descrença
Quem cultiva chá no Malawi já se apercebeu das mudanças climáticas: chove cada vez menos e as colheitas são cada vez mais pequenas. Isso tem um impacto direto no bolso dos agricultores.
"Eles dizem que tudo está diferente: o tempo, o clima está a mudar, as coisas estão mal, mas já se acostumaram. Mas nós dizemos-lhes que eles podem lutar contra isso”, conta Glória Majiga, que faz parte de uma iniciativa que colabora com a organização Greenpop no país.
A ativista ensina aos agricultores formas de combater as alterações climáticas, usando sistemas de irrigação corretos, fertilizantes adequados e reservatórios de água no solo. O ceticismo dos agricultores dissipa-se ao verem que as colheitas não são afetadas, mesmo que chova pouco. E como as colheitas trazem dinheiro, as árvores não são cortadas.
"É um grande desafio, porque, se fazemos as coisas mal, ninguém vai repetir a experiência. Mas, se fazemos as coisas bem, há muitas coisas que mudam”, afirma Majiga.