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Problemas no seio da UNITA desencadeiam deserções

Nelson Sul d´Angola (Benguela) 19 de agosto de 2014

Em Angola a UNITA está preocupada com a saída dos militantes do partido. A corrupção e a falta de diálogo entre a liderança e as bases são no entender do deputado Paulo Lukamba Gato, alguns dos motivos das deserções.

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Bandeira da UNITA e apoiantes do partido num comício no Huambo, AngolaFoto: DW/N. Sul D'Angola

As deserções de militantes da UNITA, o maior partido da oposição, tem estado a gerar preocupação no seio dos dirigentes da formação. Os ex-militantes estão a filiar-se a outros partidos, principalmente ao partido no poder, o MPLA.

O facto foi assumido, pela primeira vez, pelo deputado e antigo secretário-geral da UNITA, o general na reforma Paulo Lukamba Gato.

O general Gato, que falava à margem de um seminário na província do Huambo, disse que uma das principais razões que provoca o abandono de muitos militantes das fileiras da UNITA tem origem na ''falta de diálogo permanente'' entre a direção do seu partido, liderado por Isaías Samukuva, e os militantes da base.

E o ex-secretário-geral da UNITA apresenta soluções: "Temos a receita, é o diálogo permanente, institucional a todos os níveis. Tem de se dialogar, os dirigentes têm de ter tempo para dialogar, de aprofundar o contacto, estar próximo das preocupações dos militantes para podermos previnir esse tipo de casos que são sempre prejudiciais para a imagem do partido."

Corrupção na UNITA

A corrupção é também para o alto dirigente da UNITA, Paulo Lukamba Gato, um outro fator por detrás deste abandono.

Wahl Angola
Líder da UNITA, Isaías SamakuvaFoto: Reuters

Ou seja, dadas as condições económicas difíceis que grande parte dos dirigentes do maior partido na oposição atravessa, o partido governante tem estado a tirar proveito dessa fragilidade aliciando-os com dinheiro e cargos governantivos para que possam ingressar nas suas fileiras.

Gato discorda desta forma de operar e diz que "não há nenhum partido que aplauda uma defeção. É sempre um motivo de preocupação para a direção do nosso partido e vamos fazer tudo para que o partido possa estancar este movimento de abandono."

O general destaca também que "este não é um movimento permanente, mas de vez em quando surge como fruto da situação muitas vezes difícil, da situação que as pessoas estão a atravessar e, face a certas promessas, as pessoas cedem frente as dificuldades do dia a dia."

Liderança de Samakuva questionada

Entretanto, para muitos analistas e até mesmo dirigentes do maior partido na oposição, a fuga de militantes da UNITA tem também origem numa alegada apatia em relação à atual liderança de Isaías Samakuva.

Erste Wahl in Angola seit 16 Jahren UNITA-Anhänger
Campanha eleitoral da UNITA no Casenga durante as eleições de 2008Foto: picture-alliance/ dpa

A fuga de militantes como Carlos Morgado, Joaquim Icuma, os irmãos Abel e Américo Chivukuvuku, e tantos históricos da UNITA invidencia esta tese.

Atualmente, na cúpula do maior partido na oposição em Angola, uma das figuras contestatárias da atual liderança é o deputado e ex-secretário-geral, o general Abílio Kamalata Numa.

O general Numa pensa que a atual liderança não tem sido capaz de fazer uma verdadeira oposição contra o atual Governo do MPLA, o que de certa forma, origina as defeções.

Por isso Numa defende o seguinte: "Precisamos de uma liderança firme na UNITA. A lierança atual do meu presidente Samakuva é uma liderança que vai fazendo o que pode, mas não pode pressionar o MPLA para as alterações que Angola precisa. Temos de mudar isso tudo, só nesse contexto é que todos esses aspetos irão mudar."

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