"Carta de resignação" apresentada pelo PM da Etiópia
15 de fevereiro de 2018O primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, apresentou na manhã desta quinta-feira (15.02) no Parlamento uma "carta de resignação", um dia depois da maior manifestação de protesto em 25 anos contra o Governo.
"O primeiro-ministro disse ter tentado um último esforço para resolver a crise no país e agora apresentou uma carta de resignação como parte da solução", noticiou a rádio estatal Fana, numa altura em que várias querelas políticas surgiram no seio da coligação no poder e a ocorrência de manifestações anti-governamentais.
A demissão de Desalegn terá que ser ainda aprovada pelo Conselho da Frente Democrática Revolucionária dos Povos Etíopes (EPRDF, na sigla inglesa).Segundo a Fana, Desalegn, de 53 anos, irá continuar em funções até à conclusão do processo de transição, ao mesmo tempo que deixará também funções de deputado da Frente Revolucionária e Democrática Popular Etíope.
Recorde-se que a Etiópia tem sido assolada nos últimos meses por protestos e manifestações a exigir maiores liberdades, iniciativas reprimidas pelas forças de segurança e que causaram a morte a dezenas de etíopes e a detenção de milhares de outros.
Nas últimas semanas, o Governo da Etiópia, país que tem uma das economias que mais rapidamente crescem em África, decidiu libertar centenas de prisioneiros, entre dirigentes da oposição, jornalistas e destacados académicos e intelectuais.
Manifestações começaram em 2015
A contestação e a luta por maiores liberdades na Etiópia começaram em 2015 e, inicialmente, envolveram apenas as populações das províncias de Oromia e de Amhara antes de se espalharem ao resto do país, obrigando à imposição do Estado de Emergência.
O Governo etíope é acusado há muito por várias organizações internacionais de prender jornalistas críticos ao regime e de dirigentes da oposição "apenas por serem desfavoráveis" ao executivo.
Desalegn, que foi secretário-geral da União Africana em 2013, está no poder desde 2012, após a morte do antigo Presidente e ditador Meles Zenawi, de quem foi ministro dos Negócios Estrangeiros e depois vice-primeiro-ministro, antes de assumir a chefia do executivo.